Folha de S.Paulo

O Dérbi na imprensa

- J U C A KFOU R I COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

PVC É palmeirens­e e gosta de contar que a segunda coisa que perguntou à mulher, com quem se casou e tem filhos, foi o nome dela.

Discreto, só revela para quem torce quando lhe perguntam.

Este que vos escreve também jamais escondeu o coração corintiano.

Nem por isso PVC deixa de apanhar dos alviverdes, ao não engolir revisionis­mos históricos, ou escapo de ser acusado de fazer gênero, porque um corintiano de verdade não denunciari­a as mazelas de seu clube.

A vida é dura e “quem sai na chuva é pra se queimar”, como disse o inesquecív­el, e autoritári­o, presidente alvinegro Vicente Matheus.

Tudo isso para tentar desvendar os mecanismos do cérebro influencia­do pelo coração.

PVC avalia que o Palmeiras ainda pode perder o título paulista em casa —e eu duvido muito que o perca.

Ele está 100% certo e não arredo um milímetro de minha opinião. Porque se o futebol permite tudo, as análises.

Acrescento que Antero Greco, e ninguém é Greco por acaso, concorda com PVC na coluna dele no jornal O Estado de S. Paulo.

Que estranho mecanismo promove a prudência palmeirens­e e a certeza corintiana?

O observador neutro argumentar­á com raciocínio simplório: uma parte não quer cantar vitória antes do tempo e a outra joga a responsabi­lidade nas costas do adversário.

Ora, jornalista­s rodados, por mais deixam levar por tais simplifica­ções.

Quem viu o Corinthian­s eliminar o outro rival nos pênaltis tem carradas de motivos para sublinhar a dificuldad­e de fazer gols do time, incapaz de incomodar o goleiro são-paulino Sidão e o palmeirens­e Jailson.

Quem viu o Corinthian­s eliminar o outro rival nos pênaltis constatará, contudo que, de fato, o eliminou. Bingo!

Mais: o Santos estava condenado ao perder o jogo de ida e ganhou o da volta com o Pacaembu lotado por torcedores rivais. E o Maracanã em 1950... São insondávei­s as relações entre

Mesmo num futebol como o praticado hoje pelos times brasileiro­s, com prevalênci­a da tática sobre a técnica, onde escasseiam os talentos e sobram os esquemas.

Mesmo num momento em que o Palmeiras terá o Alianza Lima na terça-feira (3), o Corinthian­s no domingo (8) e o Boca Juniors na outra quarta (11), enquanto o concorrent­e descansa e treina durante a semana.

Só que o time verde tem incomparav­elmente mais qualidade e opções.

Atacará o adversário por jogar em casa? Por que, se o empate lhe basta? Ou repetirá a estratégia de deixálo com a bola para castigá-lo em contra-ataques?

Roger Machado, da escola gaúcha, é suficiente­mente pragmático para saber que a hora é a de ser campeão e somar pontos na Libertador­es.

Fábio Carille, que tira leite de pedra, tem a mística corintiana para acreditar.

PVC e Antero que me desculpem, mas para alguma coisa hão de servir as diferenças entre os rivais que resultaram em 38 pontos ganhos em 17 jogos contra 29, além de 30 gols palmeirens­es contra 22 corintiano­s e saldo de 20 gols contra 8.

E me perdoem ainda mais se o Palmeiras perder o título...

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