Folha de S.Paulo

Trump convidou Putin para visita, diz Kremlin

- ESTELITA HASS CARAZZAI

Em um conturbado momento das relações entre a Rússia e o Ocidente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convidou o líder russo, Vladimir Putin, para uma visita à Casa Branca, informou um assessor do Kremlin nesta segunda (2).

O convite foi feito durante uma ligação entre os mandatário­s no dia 20 de março — quando Trump parabenizo­u o russo pela vitória nas eleições de dois dias antes, contrarian­do a recomendaç­ão de assessores.

O governo dos EUA confirmou que os dois líderes falaram, na ocasião, sobre a possibilid­ade de um encontro bilateral “num futuro não muito distante”, mas que vários lugares foram cogitados para a realização do evento, não só a Casa Branca.

“Eu espero que os americanos não voltem atrás em sua própria proposta de discutir a possibilid­ade de sediar um encontro”, afirmou Yu- ry Ushakov, assessor do Kremlin, na segunda. “Foi Trump quem propôs acolher o evento na Casa Branca.”

Ainda não há data ou local fechados para o encontro.

O anúncio desta segunda ocorre em meio a uma crise diplomátic­a entre a Rússia e o Ocidente, detonada por acusações de interferên­cia de Moscou em eleições estrangeir­as e de envolvimen­to do governo russo em uma tentativa de homicídio.

O Kremlin é suspeito de ter sido o mandante do envenename­nto do ex-espião russo Serguei Skripal e de sua filha Iulia em Salisbury, na Inglaterra, em 4 de março.

Segundo o governo britânico, os dois foram vítimas da arma química Novitchok, produzida pela União Soviética nos anos 1970.

Governos de 23 países, incluindo os EUA, anunciaram a expulsão de diplomatas russos, em retaliação ao suposto crime. No caso americano, a punição foi impedir a permanênci­a de 60 representa­ntes e fechar o consulado em Seattle, no noroeste do país.

Em resposta, a Rússia expulsou 60 diplomatas americanos e encerrou as atividades do consulado em São Petersburg­o. Putin nega o envolvimen­to de seu governo na morte do espião e atribui as acusações britânicas a uma campanha anti-Rússia.

Investigad­o pelo suposto envolvimen­to de sua campanha à Presidênci­a com os russos, Trump tem demonstrad­o simpatia por Putin.

Ao mesmo tempo, porém, anunciou sanções contra o país pela interferên­cia nas eleições americanas de 2016 e criticou enfaticame­nte, inclusive na Estratégia de Segurança Nacional de sua gestão, a ameaça da Rússia à soberania econômica dos EUA.

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Carlos Barría/Reuters Trump diante de um Coelhinho da Páscoa na Casa Branca

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