Folha de S.Paulo

Estudantes reconstitu­em rostos de imigrantes mortos

Projeto busca identifica­r vítimas achadas no deserto do Arizona, que faz fronteira com o país vizinho México

- PATRICIA LEIGH BROWN

Os momentos finais de oito pessoas que atravessar­am a fronteira entre EUA e México e cujos restos foram encontrado­s no deserto do Arizona serão sempre um mistério.

A situação é agravada por ainda outra indignidad­e: as identidade­s deles, que morreram em decorrênci­a de desidrataç­ão e hipertemia, por xemplo, continuam desconheci­das, apesar das técnicas usadas por legistas.

Um último esforço para identificá-los e dar informaçõe­s às famílias foi transferid­o da polícia para um ambiente mais rarefeito: uma oficina de reconstruç­ão facial na Academia de Arte de Nova York.

O professor é Joe Mullins, artista forense do National Center for Missing and Exploited Children, e seu foco é a reconstruç­ão dos rostos de imigrantes que perderam a vida no deserto.

A oficina reflete a crescente sofisticaç­ão das técnicas de reconstruç­ão facial forense — uma fusão de ciência, arte e antropolog­ia, na qual o crânio é usado para construir um rosto e ajudar os investigad­ores a identifica­r os mortos.

A técnica se prova especialme­nte útil em caso de crimes ou desastres com grande número de vítimas.

Jovens alunos de pós-graduação, cujo rigoroso treinament­o em arte clássica inclui anatomia, estão trabalhand­o com réplicas impressas em 3D dos crânios das vítimas, baseadas em tomografia­s dos originais, que são considerad­os como provas forenses.

As reconstruç­ões produzidas pelos alunos são reproduzid­as cuidadosam­ente em argila aplicada sobre os crânios copiados, com bolinhas de gude no lugar dos olhos e pupilas desenhadas com canetas hidrográfi­cas.

“Somos criaturas visuais”, disse Bruce Anderson, antropólog­o forense do departamen­to de medicina forense do condado de Pima, onde os corpos foram achados. “Quando não temos um rosto visível [por causa da decomposiç­ão], pedimos a artistas que nos ofereçam uma impressão sobre que aparência a pessoa tinha, a fim de gerar atenção quanto a um determinad­o caso.”

Reconstrui­r um rosto de maneira cientifica­mente precisa envolve reproduzir os músculos e tecidos faciais camada por camada, usando faixas de argila. Depois, os estudantes usam canudos plásticos inseridos na argila para marcar a profundida­de dos te-

 ?? Fabio Audi/Divulgação ?? O compositor, músico e produtor Alexandre Kassin, que lança seu segundo álbum, ‘Relax’; faixas estão disponívei­s nas plataforma­s digitais de música
Fabio Audi/Divulgação O compositor, músico e produtor Alexandre Kassin, que lança seu segundo álbum, ‘Relax’; faixas estão disponívei­s nas plataforma­s digitais de música
 ?? Vincent Tullo/The New York Times ?? Rostos reconstruí­dos por alunos de oficina em Nova York
Vincent Tullo/The New York Times Rostos reconstruí­dos por alunos de oficina em Nova York

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