Estudantes reconstituem rostos de imigrantes mortos
Projeto busca identificar vítimas achadas no deserto do Arizona, que faz fronteira com o país vizinho México
Os momentos finais de oito pessoas que atravessaram a fronteira entre EUA e México e cujos restos foram encontrados no deserto do Arizona serão sempre um mistério.
A situação é agravada por ainda outra indignidade: as identidades deles, que morreram em decorrência de desidratação e hipertemia, por xemplo, continuam desconhecidas, apesar das técnicas usadas por legistas.
Um último esforço para identificá-los e dar informações às famílias foi transferido da polícia para um ambiente mais rarefeito: uma oficina de reconstrução facial na Academia de Arte de Nova York.
O professor é Joe Mullins, artista forense do National Center for Missing and Exploited Children, e seu foco é a reconstrução dos rostos de imigrantes que perderam a vida no deserto.
A oficina reflete a crescente sofisticação das técnicas de reconstrução facial forense — uma fusão de ciência, arte e antropologia, na qual o crânio é usado para construir um rosto e ajudar os investigadores a identificar os mortos.
A técnica se prova especialmente útil em caso de crimes ou desastres com grande número de vítimas.
Jovens alunos de pós-graduação, cujo rigoroso treinamento em arte clássica inclui anatomia, estão trabalhando com réplicas impressas em 3D dos crânios das vítimas, baseadas em tomografias dos originais, que são considerados como provas forenses.
As reconstruções produzidas pelos alunos são reproduzidas cuidadosamente em argila aplicada sobre os crânios copiados, com bolinhas de gude no lugar dos olhos e pupilas desenhadas com canetas hidrográficas.
“Somos criaturas visuais”, disse Bruce Anderson, antropólogo forense do departamento de medicina forense do condado de Pima, onde os corpos foram achados. “Quando não temos um rosto visível [por causa da decomposição], pedimos a artistas que nos ofereçam uma impressão sobre que aparência a pessoa tinha, a fim de gerar atenção quanto a um determinado caso.”
Reconstruir um rosto de maneira cientificamente precisa envolve reproduzir os músculos e tecidos faciais camada por camada, usando faixas de argila. Depois, os estudantes usam canudos plásticos inseridos na argila para marcar a profundidade dos te-