Folha de S.Paulo

Meirelles se irrita e repensa candidatur­a ao Planalto

Ministro é posto em 2º plano no evento de filiação ao partido do presidente

- MARIANA CARNEIRO MARINA DIAS

Michel Temer tem a preferênci­a do MDB, mas acordo assegurava condição de igualdade ao titular da Fazenda

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ficou irritado com o tratamento que recebeu durante sua filiação ao MDB e decidiu repensar a possibilid­ade de se candidatar ao Palácio do Planalto.

No evento na sede do partido de Michel Temer, na terça (3), Meirelles foi recebido em clima de campanha. O protagonis­ta, porém, era o presidente, tanto nas fotos como no jingle que ecoava.

A pessoas próximas o ministro disse que não foi consultado sobre as imagens, nem sobre a música que dizia “M de Michel, M de Meirelles, M de MDB”. As peças foram elaboradas, segundo o marqueteir­o Elsinho Mouco, “de última hora”.

Após se filiar ao partido, Meirelles foi questionad­o até quando permanecer­ia na Fazenda. Respondeu prontament­e: “Até sexta-feira”, 6 de abril, último dia útil do prazo para que integrante­s do Executivo que queiram se candidatar deixem os cargos.

Nesta quarta (4), porém, o tom mudou. No Twitter, o ministro disse que na próxima sexta “anunciará sua decisão sobre permanecer ou não à frente da Fazenda”.

Auxiliares acreditam que um recuo agora é bastante delicado, visto que ele já anunciou seus planos.

Meirelles avalia que o MDB e Temer não cumpriram com o acordo inicial para sua filiação. Ele sabe que a preferênci­a de candidatur­a é do presidente. Mas o trato era de que os dois largariam, pelo menos neste momento, com condição de igualdade.

O evento, no entanto, o colocou em segundo plano.

A decisão de Meirelles de repensar seus planos pode ser um recurso para se reposicion­ar no MDB e obter condições mais favoráveis.

O ministro aceitou se filiar mesmo sem a garantia de que seria o nome da sigla para as eleições de outubro, mas com a promessa de que poderia tentar decolar nas pesquisas até meados de julho —hoje ele tem 2% das intenções de voto, segundo o Datafolha.

Caso não emplacasse, cogitava, ser vice na chapa do presidente. Aos 72 anos, o ministro considera que esta poderia ser sua última oportunida­de de disputar uma eleição presidenci­al.

A saída de Meirelles do cargo é dada como certa. Na terça, o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, disse ter certeza de que o trabalho de Meirelles teria continuida­de com o secretário-executivo, Eduardo Guardia, à frente da pasta.

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Evaristo Sá/AFP Henrique Meirelles discursa após se filiar ao MDB
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