O presidente e fundador do
O Facebook anunciou nesta quarta (4) que acredita que os dados de até 87 milhões de pessoas, em sua maioria nos Estados Unidos, foram compartilhados de forma imprópria com a consultoria política Cambridge Analytica.
Mike Schroepfer, diretor de tecnologia da empresa, informou se tratarem de mais de 70 milhões de americanos. Os demais são de outros nove países, incluindo o Brasil, onde 443.117 usuários tiveram informações usadas.
A rede social afirma que os usuários afetados pelo vazamento serão avisados a partir de segunda (9) e que colocará um link no alto da página deles pelo qual eles poderão ver quais aplicativos estão usando e que informações foram compartilhadas com esses apps.
O Facebook está no centro de um escândalo de vazamento de dados de milhões de usuários para a consultoria Cambridge Analytica, que trabalhou para a campanha presidencial de Donald Trump, em 2016, e é suspeita de ter colhido informações pessoais de usuários da rede social de forma irregular.
O caso foi revelado pelos jornais The New York Times e The Observer (versão dominical de The Guardian) e pela TV britânica Channel 4.
A empresa vem perdendo valor de mercado desde então, e tem sido questionada sobre a eficácia do controle sobre os dados dos usuários e as consequências de seu uso por terceiros.
Desde que o problema veio à tona, crescem os questionamentos em vários países sobre o alcance e o poder do Facebook e de outras plataformas e a necessidade de regulação dessas atividades. MUDANÇAS O Facebook anunciou mudanças para restringir o acesso de aplicativos a informações de eventos, de grupos fechados e secretos e de páginas, entre outras mudanças.
A empresa afirmou nesta quarta que está alterando os termos de uso e sua política de dados para deixar claras questões ligadas à privacidade, sem pedir mais acesso a informações de usuários.
Entre os pontos que serão explicados, estão como os dados são usados para customizar o que o usuário vê em seu feed; que dados são compartilhados com quem; como dados de outros produtos da empresa, como o WhatsApp, são usados; e quais são os dados que o Facebook recolhe de dispositivos dos usuários. DEPOIMENTO CAMBRIDGE ANALYTICA O caso envolvendo a Cambridge Analytica começou em 2014, quando o professor Aleksandr Kogan, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criou um teste de personalidade no Facebook com o pretexto de conduzir um estudo psicológico.
Cerca de 270 mil pessoas fizeram o teste de Kogan, mas, sabe-se agora, o sistema permitiu que sua equipe visse o perfil de 87 milhões de usuários, pois também captava as informações de todos os amigos de quem baixou o app. O procedimento era permitido então, mas deixou de sê-lo.
No ano seguinte, Kogan repassou esses dados à Cambridge Analytica, que então contratou outros especialistas, entre eles Christopher Wylie, que acabou revelando o esquema ao Observer.
De posse de dados como curtidas e redes de amigos, a firma com sede em Londres conseguiu montar perfis de potenciais eleitores para bombardeá-los com mensagens políticas que visavam influir na eleição dos EUA .
O Facebook disse inicialmente que descobriu o esquema em 2015 e removeu o aplicativo de Kogan, exigindo que a Cambridge Analytica apagasse os dados desviados.
Diante das revelações de que as informações não foram apagadas e podem ter interferido na campanha, a rede então bloqueou as contas de todos ligados à consultoria em sua plataforma.