Furlan recusa assumir conselho da BRF interinamente em abril
DE SÃO PAULO - Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento e ex-presidente da Sadia, não aceitou assumir interinamente o conselho de administração da BRF até a realização da assembleia-geral de acionistas, que ocorrerá no próximo dia 26 de abril.
A recusa do ex-ministro causou um impasse de última hora para a assinatura do acordo entre Abilio Diniz e os fundos de pensão Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil). Pessoas próximas às negociações, no entanto, dizem acreditar que o problema seria contornado e não inviabilizaria o acerto.
Nesta quinta-feira (5), Abilio, que tem 4% da empresa, deve renunciar à presidência do conselho da gigante de alimentos em reunião extraordinária. Em contrapartida, os fundos, que juntos detêm 22% do capital, vão permitir que o empresário indique dois representantes ao conselho.
Com a recusa de Furlan, uma saída seria Augusto Marques da Cruz Filho, ex-CEO do Pão de Açúcar e presidente do conselho da BR Distribuidora, já assumir seu assento no conselho. Na nova chapa proposta pelos fundos, Cruz Filho deve ser o próximo presidente.
Havia, no entanto, um impasse jurídico: o acordo de voto é entre os acionistas Península (holding da família Diniz), Petros e Previ, enquanto o presidente do conselho é eleito pelos demais conselheiros. Não seria, portanto, viável incluir no acordo a aprovação do nome de Cruz Filho.
A saída natural para o impasse seria que a vaga de Abilio fosse ocupada pelo advogado Francisco Petros, representante da Petros e atualmente vice-presidente do conselho, mas o empresário não concorda. Abilio e Petros se desentenderam repetidas vezes nos últimos meses.
A trégua entre os principais sócios da BRF foi motivada pelo péssimo desempenho das ações, que caíram expressivamente por causa da Operação Carne Fraca, dos prejuízos provocados pela má administração e da briga no comando.
Nesta quarta-feira (4), os papéis da BRF fecharam cotados a R$ 23,05, praticamente estáveis à espera da reunião do conselho. Quando Abilio assumiu a presidência do colegiado, no dia 4 de abril de 2013, os papéis valiam R$ 45,80. (RAQUEL LANDIM)