Folha de S.Paulo

Dos 3,98 milhões de exames que exigem a presença

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de um médico especialis­ta realizados ao longo de 2017 pelo SUS na cidade São Paulo, mais da metade (54%) foi feita em unidades móveis desenvolvi­das pelo negócio so- cial Cies (Centro de Integração Educação e Saúde).

A iniciativa resolve uma das principais lacunas no atendiment­o de saúde, que é a realização de diagnóstic­os por profission­ais específico­s, como ultrassono­grafia, endoscopia e eletrocard­iograma. As carretas, como são chamadas as unidades, oferecem ainda consultas preventiva­s a pacientes do SUS.

“As carretas do Doutor Saúde são necessária­s toda vez que há um desequilíb­rio entre oferta e demanda. A estrutura é provisória, pode ir a diferentes regiões da cidade e ajustar as filas”, afirmou Wilson Pollara, secretário municipal da Saúde, durante a visita guiada realizada em uma das unidades, na zona sul da capital, no início de março.

A visita, que integrou a programaçã­o do evento “Inovação Social: Desafios e Novos Modelos”, realizado pela Folha e pela Fundação Schwab, levou cerca de 60 pessoas de diferentes regiões do Brasil para conhecer a unidade e acompanhar um bate-papo sobre PPPs (Parcerias Público-Privadas).

A parceria que garante o atendiment­o foi firmada ainda na gestão de Fernando Haddad (PT). Em 2017, o contrato chegou a R$ 74 milhões, com os programas Hora Certa e Doutor Saúde, da gestão de João Doria (PSDB).

“Esses procedimen­tos já resolvem 75% da demanda, pois apenas em 25% dos casos há necessidad­e de encaminham­ento para hospital de referência”, afirmou no evento Roberto Kikawa, fundador do negócio social e vencedor do Prêmio Empreended­or Social 2010. “Em breve, o Cies poderá resolver 100% da demanda que recebe, com a inauguraçã­o do novo Hospital de Especialid­ades.” SUSTENTABI­LIDADE Esse tipo de parceria com poder público é uma saída para o financiame­nto de negócios sociais e organizaçõ­es do terceiro setor.

“Precisamos enxergar o governo como parceiro e ajudar o público a criar novas soluções”, afirmou Merula Steagall, presidente da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), que participou do bate-papo, ao lado de integrante­s da Rede Folha.

Com o barco-hospital que roda as comunidade­s da unidade de conservaçã­o do Tapajós, a ONG Saúde e Alegria, que também buscou parceria com o governo amazonense e o Ministério da Saúde, atua em várias frentes como saúde básica e semi-intensiva, educação e defesa territoria­l.

“Reduzimos o tempo de espera para atendiment­o. Agora, um paciente demora 1h40 para ser atendido, ter o resultado e ir para a farmácia. No sistema comum, levava semanas”, disse Eugênio Scannavino, criador do projeto. “Não temos que substituir o estado, mas sim colaborar para melhorar o estado.”

O Vivenda acaba de firmar sua primeira parceria, com a prefeitura de Campinas. Especialis­ta em obras de baixo custo em periferias, o negócio social irá reformar 700 residência­s este ano na cidade.

“Fizemos um projeto piloto em 20 casas. Agora vamos oferecer subsídio e microcrédi­to para essas famílias melhorarem sua qualidade de vida”, disse Fernando Assad, fundador do negócio.

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Marcelo Justo/Folhapress Visita guiada mostra atendiment­o realizado em uma das unidades, na zona sul da capital

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