Folha de S.Paulo

Nasceu em Portugal e ganhou o lugar

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

ADORAMOS COMPARAÇÕE­S.

E no futebol, desde os anos 1950, a régua mestra é o Rei Pelé.

Seria ele melhor que o gênio argentino Di Stéfano?

Pois foi, o mundo acabou por reconhecer.

Outros candidatos surgiram e foram comparados.

Eusébio, nascido em Moçambique, então colônia portuguesa, um deles.

Atacante fabuloso, pôs o futebol lusitano no mapa ao conduzi-lo ao terceiro lugar na Copa de 1966, quando a seleção portuguesa derrotou a brasileira por acachapant­es 3 a 1.

Mais: Eusébio, falecido em 2014, fez do Benfica campeão europeu em 1961/1962 e marcou 638 gols em 614 jogos pelo clube que defendeu por 15 dos 22 anos de carreira, na qual fez 733 golos, como dizem os patrícios, em 745 partidas.

Inevitável que o comparasse­m a Pelé, assim como, depois e até hoje, acontece com os argentinos Diego Maradona e Lionel Messi. Ou como Cristiano Ronaldo. mas das letras, Fernando Pessoa: Eusébio é mais belo que o Cristiano Ronaldo que corre pela minha aldeia. Mas Eusébio não é mais belo que o Cristiano Ronaldo que corre pela minha aldeia. Porque Eusébio não é o Cristiano Ronaldo que corre pela minha aldeia. O CR7 nasceu em Portugal. Ao elevar seu pé direito a mais de dois metros do chão para marcar de bicicleta o gol que fez a torcida italiana se levantar e aplaudi-lo em Turim, imortal no mundo do futebol.

Precisar, na verdade, nem precisava. Autor de 649 gols em 901 jogos, eleito cinco vezes como número 1 pela Fifa em 2008, 2013, 2014, 2016 e 2017, tetracampe­ão mundial de clubes pelo Manchester United e pelo Real Madrid, campeão da Eurocopa por Portugal em 2016, imortaliza­do já estava.

Mais pela eficácia que pela fantasia, quesito em que (ah, essas e a fantasia explode em milhões de lantejoula­s nas retinas estupefact­as do planeta bola. Haja miçangas! Como autocrític­as. Um certo colunista desta Folha, cujo nome fica oculto por vergonha na cara, certa vez disse a Jô Soares que Kaká, ao chegar ao clube madridista, superaria o português, por mais inteligent­e e centrado na carreira... Um poeta, se calado. Menos mal que viveu para se arrepender.

Menos mal, ainda mais, porque pôde ver, pouco, Di Stéfano, mas, muito, Pelé, Eusébio, Mané Garrincha, Diego Maradona, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Bolt, Michel Phelps, enfim, falar do privilégio de ter nascido em 1950... DÉRBI FINAL Haja o que houver, para ficar no clima, o Dérbi de domingo é final só para o Campeonato Estadual.

Porque quem já chegou até aqui está farto de saber que este é um clássico que nunca acabará.

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