Folha de S.Paulo

Emanoel Araújo mostra influência afro em obras

Diretor do Museu Afro-Brasil expõe no Masp 70 trabalhos, como cartazes

- ISABELLA MENON

Artista e gestor foi alvo de acusações de assédio sexual em 2017; à época, ele negou ter cometido qualquer crime nos casos

Gravuras diagonais, obras tridimensi­onais e cores vibrantes marcam a exposição que conta com 70 obras de Emanoel Araujo —acusado de assédio sexual em dezembro de 2017—, aberta nesta quinta-feira (5) no Masp.

O abstracion­ismo geométrico e o construtiv­ismo brasileiro —marca registrada de Araujo— não são os protagonis­tas desta mostra, mas a influência da cultura africana.

Em entrevista à Folha por e-mail, o artista diz que a falta de reconhecim­ento das suas obras com temáticas africana se deve ao fato dos “elementos dos signos religiosos causarem um incômodo visual [quanto] à temática afro-brasileira”.

Compõem esse aspecto religioso esculturas verticais que tratam de orixás, que o artista produz desde 2000.

“Multidisci­plinar”, assim o curador Tomás Toledo define Araujo —o artista iniciou a trajetória artística no final da década de 1950 e trabalhou com tipografia, xilografia, esculturas e gravuras.

As obras de Emanoel ocupam o subsolo do Masp, mesmo local de uma exposição uma individual dele, realizada em 1981. A atual mostra integra o ciclo do museu que discute ao longo do ano o tema “histórias afro-atlânticas”.

Para o curador, a obra mais icônica desta série é “Navio”, uma escultura inteira pintada de preto com figuras humanas entalhadas de traços africanos. “Carrega uma denúncia abolicioni­sta”, diz.

Emanoel nega que faça reflexões em suas obras sobre a consequênc­ia da escravidão no Brasil. “Para isso ,criei o Museu Afro- Brasil e tive essa preocupaçã­o por todas as instituiçõ­es em que passei”.

Para ele, mortes como a da vereadora do PSOL Marielle Franco, do motorista Anderson Gomes e “de jovens negros ACUSAÇÕES DE ASSÉDIO Em dezembro de 2017, exfuncioná­rios do Museu AfroBrasil acusaram Emanoel Araujo de assédio sexual.

Araujo, na época, negou as acusações e entrou com uma liminar que multaria os acusadores com R$ 1.000 reais por dia, caso não apagassem as acusações das redes sociais.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil