Folha de S.Paulo

Parque quer ser ecológico sem ser chato

Em Morretes (PR), novo espaço tem trilhas para caminhada, atividades de aventura e oficinas de estudo ambiental

- ANA LUIZA TIEGHI

Espaço de mata atlântica preservada consumiu investimen­to de R$ 5 milhões e foi criado por publiciári­a

Recém-inaugurado, o Ekôa Park, em Morretes, a 70 quilômetro­s de Curitiba, quer levar os visitantes para dentro da mata atlântica.

Com 238 hectares de floresta, trilhas, atividades de aventura e oficinas, o objetivo do parque, que cobra entrada de R$ 60, é incentivar o “amor pela natureza sem ser professora­l”, segundo a sua fundadora, a publicitár­ia Tatiana Perim, 38.

O terreno onde hoje está o parque pertence à família, que em 2012 planejava vender a propriedad­e.

Tatiana conta que então teve a ideia de arrendar a fazenda e construir o parque ecológico. Segundo ela, foram investidos cerca de R$ 5 milhões, durante três anos.

Ao chegar, o visitante passa por uma estrada calçada com pedras, de onde é possível avistar, esculturas do artista curitibano Tony Reis, que conversam com a mata.

Uma cabeça gigante coberta de vegetação e uma árvore com contornos humanos, que tenta correr, mas é presa por raízes, são duas das 15 obras espalhadas pelo parque.

A primeira atração que o turista encontra é uma sala com painel em 180º, que narra a formação do planeta enquanto a imagem se aproxima, até chegar ao parque. Então, uma porta abre e dá passagem para um corredor cercado de pedaços de madeira, que leva à primeira trilha, o Caminho do Peabiru.

A caminhada é de 1,2 quilômetro. No dia anterior à visita da Folha, havia chovido bastante e a trilha estava lamacenta, mas o nível de dificuldad­e era médio.

Pelo caminho, há painéis de acrílico com adesivos que remetem aos índios que faziam o Caminho do Peabiru original, que ligava o oceano Atlântico ao Pacífico, passando por Brasil, Paraguai, Bolívia, Argentina, Chile e Peru.

Em alguns trechos, há obras para chamar a atenção para a natureza, como uma lupa gigante que destaca o musgo crescendo na base das árvores e molduras giratórias de um metro quadrado, que apontam para a biodiversi­dade da mata atlântica.

A segunda trilha é a da Mata, com 553 metros de extensão. Já a terceira, das Aves, tem 925 metros e leva até um posto de observação a 25 metros de altura.

A atividade física deixa os visitantes com fome, e a única opção de alimentaçã­o no parque, que não permite a entrada de alimentos, é o restaurant­e self-service Oka, aberto durante o almoço.

A comida é saborosa e caseira, e há desde barreado, prato típico com carne e farinha de mandioca, a pratos árabes, como homus e tabule. O quilo custa R$ 67,90.

Segundo Perim, o parque tem o objetivo de só comprar alimentos produzidos em um raio de 60 quilômetro­s. Como Morretes tem produção agrícola, ela diz que isso é possível, mas o desafio é regulariza­r os produtores, para que emitam nota fiscal.

Depois de comer, uma opção é descansar no redário do parque, entre as árvores.

De volta à ativa, o visitante pode escolher entre atividades de aventura e o Tekôa, área de educação ambiental, com foco em experiment­os sobre construção civil e alimentaçã­o. “São apresentad­as soluções simples para minimizar o impacto desses setores”, diz Perim.

Por lá, são ministrada­s três oficinas por dia. Elas são gratuitas, mas é preciso se inscrever ao chegar no parque.

Também é possível visitar uma sala com dados sobre o impacto da construção civil no planeta, ver como funciona um esquema de filtragem de água e conhecer formas alternativ­as de revestimen­to para construçõe­s, com uso de esterco e terra.

Nas atividades de aventura, o balão (R$ 90) permite ver o parque e os morros ao redor. Como ele é preso —só sobe e desce—, a experiênci­a é tranquila. Para adrenalina, dá para pagar mais R$ 30 e descer de rapel.

Há também arvorismo, que termina em uma tirolesa de 160 metros de compriment­o.

No lago, há grandes bolhas de plástico para as pessoas entrarem dentro e caminharem sobre a água, sem afundar. Pouca gente consegue manter o equilíbrio.

Há um pacote com arvorismo, tirolesa e bolha (R$ 90), e também é possível comprar as atividades separadas (R$ 40, arvorismo, R$ 30, tirolesa e R$ 20, bolha).

O parque recebe visitantes aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h, e abre de quarta a sexta-feira para escolas e empresas.

A casa de veraneio da fazenda virou centro corporativ­o. O local tem nove suítes, única hospedagem do parque, exclusiva para o público de negócios.

“Fazemos jogos na mata para trabalhar liderança, são atividades customizad­as de acordo com as necessidad­es da empresa”, diz Perim.

Repelente é item indispensá­vel ao passeio, porque a quantidade de pernilongo­s e mosquitos pequenos, como o “borrachudo”, é grande. Roupas compridas, folgadas e claras ajudam a pessoa a se proteger dos insetos.

Morretes não teve casos de febre amarela.

O parque fica na Estrada da Graciosa, km 18,5. É possível ir até lá de carro, pela BR-227, o caminho mais rápido, ou pela Serra da Graciosa, o mais bonito.

Uma alternativ­a é aproveitar o trem da Serra Verde Express, que vai de Curitiba a Morretes em cerca de três horas e meia (a partir de R$ 95).

Os ingressos para o parque custam R$ 60. Estudantes e idosos pagam meia, e menores de três anos não pagam. As entradas são compradas diretament­e na bilheteria do parque ou pelo site serraverde­express.com.br

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“Homem Freado pela Natureza”, de Tony Reis, uma das 15 obras presentes no Ekôa

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