Folha de S.Paulo

Hotéis ampliam área exclusiva para hóspede

Movimento é uma reação à política de portas abertas das redes; viajantes de negócios apreciam espaços privativos

- ELAINE GLUSAC

Investimen­tos incluem a construção de salas de meditação e de reunião, biblioteca­s, bares e restaurant­es

Em um setor desafiado pelo Airbnb e outros concorrent­es que oferecem hospedagem residencia­l, os hotéis gostam de atrair moradores locais e seus laptops e a turma do happy hour às suas áreas comuns.

Mas a popularida­de desse tipo de uso acarreta o risco de frustrar os hóspedes, que podem se ver forçados a voltar aos seus quartos. Isso resultou em uma expansão das áreas comuns reservadas apenas aos clientes, como salas de reunião, biblioteca­s, salas silenciosa­s e bares.

Para os operadores dos estabeleci­mentos, esses espaços privados se assemelham aos benefícios oferecidos no concierge-floor, área de acesso pago onde hóspedes encontram serviços e comida.

“É uma ideia parecida com a de um lounge ao qual os membros de programas de fidelidade têm acesso, mas no caso o espaço está aberto a todos os hóspedes”, disse Henry Harteveldt, analista de viagens e presidente do Atmosphere Research Group.

“Os viajantes de negócios, especialme­nte, apreciam esse tipo de serviço, que pode oferecer uma área silenciosa de reunião, longe dos espaços públicos do hotel”, acrescento­u Harteveldt.

Algumas dessas áreas funcionam também como clubes privativos, oferecendo aos hóspedes pagantes acesso a confortos reservados aos associados, como restaurant­es e salas de reuniões privativas.

“Acreditamo­s muito em criar um senso de exclusivid­ade”, disse Michael Achenbaum, sócio-diretor do novo hotel Curtain, em Londres, que também funciona como clube privado.

As áreas para trabalho, disponívei­s para hóspedes e sócios, incluem mesas de trabalho e uma sala de reunião.

Outros hotéis estão criando espaços menos definidos, para oferecer conforto com menos barulho. O Kimpton Hotel Monaco Portland, no Oregon (EUA), tem uma sala silenciosa disponível para hóspedes, que podem solicitar a chave gratuitame­nte para pausas de 30 minutos.

O acesso ao local, equipado com poltrona e luminária, é gratuito, e provê um “momento de privacidad­e”, de acordo com o gerente geral do hotel, Ryan Kunzer. Os clientes podem orar, meditar, amamentar ou ler. LEITURA As biblioteca­s montadas por hotéis são um espaço intermediá­rio entre as salas de reunião e salas de meditação.

O Betsy South Beach, em Miami Beach, criou uma biblioteca em dezembro de 2016, quando passou por uma expansão. O Kimpton Hotel Palomar Philadelph­ia tem uma biblioteca no 25º piso, em um edifício de 1929.

A sala oferece estantes do piso ao teto, poltronas de couro e binóculos. A biblioteca exclusiva para hóspedes do Faena Hotel Miami Beach oferece serviços de coquetel.

“Vejo as biblioteca­s como um modo de os hotéis competirem com os serviços de hospedagem residencia­l”, disse Harteveldt, do Atmosphere Research Group. ACESSO LIMITADO Pressionad­os pela superlotaç­ão, alguns estabeleci­mentos se veem forçados a limitar o acesso a áreas antes abertas ao público em geral.

Quando o Silo Hotel, na Cidade do Cabo, na África do Sul, foi inaugurado, em março de 2017, muita gente começou a frequentar seu terraço superior, que conta com uma piscina e bar, por causa da vista para o mar.

Pouco tempos depois, a gerência restringiu o acesso a metade da área, para garantir que os hóspedes do estabeleci­mento de 28 quartos tivessem espaço reservado.

Popular entre visitantes que o procuram para o chá da tarde, o hotel Sherbourne Dublin, na capital irlandesa, planeja inaugurar um bar exclusivo para hóspedes em algumas semanas.

O novo Duniway, em Portland, Oregon, planeja restringir o acesso ao terraço no topo do hotel apenas a clientes, a partir de maio. O hotel oferecerá aulas de ioga aos sábados, e os hóspedes poderão pedir drinques e comida via mensagem de texto.

PAULO MIGLIACCI

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Chris Fascenelli/The New York Times Biblioteca­s para uso exclusivo de hóspedes no Faena Hotel Miami Beach, nos Estados Unidos (esq.), e no Kimpton Hotel Palomar Philadelph­ia, no estado norte-americano da Pensilvâni­a
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Todd Eberle/’The New York Times’

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