Folha de S.Paulo

O mundo não acabou

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Não houve caos social, nem o país foi incendiado após a prisão do ex-presidente Lula. Fracassara­m as previsões catastrófi­cas espalhadas por aí. O mundo não acabou.

É cedo para prever o limite das mobilizaçõ­es em curso contra a detenção do petista, mas a batalha dos aliados de Lula tende a diminuir nas ruas. A prioridade do entorno dele será pressionar o STF a reverter a curto prazo a possibilid­ade de prisão após condenação em segunda instância. É a única saída que interessa a partir de agora ao ex-presidente.

E o xadrez presidenci­al começou a se desenhar justamente durante o pesadelo de Lula. Enquanto ele enrolava a Justiça na sexta-feira (6), Henrique Meirelles anunciava a saída da Fazenda para viabilizar sua candidatur­a ao Planalto pelo MDB.

Na mesma tarde, Geraldo Alckmin renunciava ao governo paulista para concorrer à Presidênci­a pelo PSDB. No dia seguinte, em meio ao discurso feito por Lula em São Bernardo do Campo, Marina Silva (Rede) lançava, pela segunda vez em cinco meses, a sua pré-candidatur­a.

Teve ainda a filiação do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa ao PSB sob a expectativ­a de que possa disputar a sucessão de Michel Temer.

Os quatro movimentos, entre sexta e sábado —de Meirelles, Alckmin, Marina e Barbosa—, foram naturalmen­te ofuscados pela prisão de Lula, que liderou os cenários de primeiro turno das recentes pesquisas.

O quarteto se junta a peças que se movimentam no tabuleiro há mais tempo: Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Rodrigo Maia, o presidente Temer, Manuela D’Ávila, Guilherme Boulos e Álvaro Dias. Cada passo terá relevância até as convenções partidária­s, entre 20 julho e 6 de agosto.

O comportame­nto do PT será de risco. Não vai admitir o plano B, que já poderia se contrapor nas ruas a esses nomes acima. Manterá o discurso de que seu líder maior, preso em Curitiba, é o candidato em outubro. Discurso ilusório aos seus eleitores e que custará caro nas urnas.

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