PT reafirmará candidatura de Lula, mas já vive divisão
Reunião nesta segunda insistirá em lançar ex-presidente, mesmo preso
Correntes internas tiveram divergências no processo que levou à entrega de Lula; temor é de que isso vire racha
Ainda sob impacto da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comando do PT se reúne nesta segunda-feira (9) em Curitiba para dobrar a aposta e reafirmar sua candidatura à Presidência da República. Mais do que a crença nas chances de Lula disputar a Presidência em outubro, essa é uma estratégia de defesa.
O discurso de que Lula é alvo de um golpe para impedir sua volta ao Planalto é o principal argumento para tirá-lo da prisão.
Embora já duvidem da possibilidade de inserir seu nome nas urnas, aliados do expresidente evitam falar em plano B neste momento, pois seria reconhecer que ele não será absolvido, nem deixará as instalações da Polícia Federal nos próximos dias.
Líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) afirma que a reunião será exclusivamente dedicada a mobilização e articulação política em apoio ao ex-presidente.
Segundo ele, deverá ser divulgado uma nota de reafirmação de sua candidatura.
Essa estratégia deverá ser intensificada até quarta-feira (11), quando o plenário do STF deverá julgar um pedido de liminar que visa a evitar prisões de condenados em segunda instância até que a corte decida se um réu pode ser preso antes que esgotados todos os recursos.
Na reunião, os petistas desenharão uma tática para que Lula continue a orientar o partido de dentro da Superintendência da PF.
Só nesta segunda-feira dirigentes partidários saberão quem estará autorizado a visitar Lula. A partir daí, destacarão emissários para ouvilo sobre estratégia de alianças e sucessão presidencial. Parlamentares petistas também pretendem se reunir na manhã de terça (10), em Brasília, para definir estratégia de atuação no Congresso.
Diante dos últimos acontecimentos, cresceu a pressão do PT, principalmente via mi- litância, por uma candidatura única no campo das esquerdas.
PC do B e PSOL, no entanto insistem que a união dos partidos é, ao menos por ora, apenas em defesa de Lula e da democracia.
“Neste momento, não nos parece que haja espaço para uma decisão desta natureza”, diz Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL.
O partido, que lançou a pré-candidatura do coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, tem discutido mais a atuação política diante da prisão de Lula.
Nesta semana, os comandos de PT, PSOL, PC do B, PDT e PSB voltam a se reunir para tentar fechar um manifesto público em defesa de três Outubro de 2016 Teria agido para favorecer a Odebrecht em contratos em Angola financiados pelo BNDES Dezembro de 2016 É suspeito de tentar beneficiar empresas na compra de caças pelo Brasil; seu filho teria recebido R$ 2,5 mi Dezembro de 2016 Teria recebido propina da Odebrecht por meio da compra de terreno para sede do Instituto Lula Agosto de 2017 Teria se beneficiado na reforma do sítio em Atibaia (SP), reformado pela Odebrecht, OAS e por Bumlai Setembro de 2017 É acusado de favorecer empresas na edição da Medida Provisória 471, de 2009 eixos fundamentais —a favor de eleições livres e da soberania nacional e contra a violência da extrema direita. PDT e PSB têm se negado, porém, a endossar que “eleição sem Lula é fraude”. DIVERGÊNCIAS Petistas temem ainda o esfacelamento não só na esquerda, mas também dentro do partido. De quinta (5) a sábado (7), o Sindicato dos Metalúrgicos não foi apenas palco de uma resistência contra a prisão de Lula. Houve também um grave racha.
Dirigentes petistas divergiram sobre a permanência de Lula nas instalações do sindicato. Segundo aliados do expresidente, integrantes da cúpula partidária e ex-ministros travaram duras discussões antes de decidir se ele se apresentaria à Polícia Federal.
Para perplexidade de exministros, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e o líder do partido no Senado, Lindbergh Farias (RJ), insistiam para que o ex-presidente esperasse pela chegada da polícia. Tinham apoio de Boulos e MST.
Com apoio do PC do B, exministros como José Eduardo Cardozo (Justiça) e o ex-prefeito Fernando Haddad alertavam para o risco de derrotas judiciais e isolamento.
A adesão do ex-ministro Paulo de Tarso Vannuchi (Direitos Humanos), um dos petistas mais próximos de Lula, à necessidade de se entregar foi fundamental.
O medo é que, sem a presença física de Lula, essas divergências ganhem corpo.