Utilização de evento no Rio para lavagem de dinheiro é investigado
‘Noites Cariocas’ teria sido utilizado para desviar recursos
O Ministério Público Federal investiga se o evento “Noites Cariocas” foi utilizado para desviar recursos do SescRJ a pedido do seu ex-presidente Orlando Diniz, preso em desdobramento da Operação Lava Jato no Rio.
As suspeitas surgiram após o ex-motorista de Diniz, Elinaldo Bastos dos Santos, afirmar em depoimento à Polícia Federal que transportava dinheiro para o patrão e ter visto o ex-presidente do Sesc levar para Alexandre Accioly, um dos produtores, caixas de sapato na época do evento.
O relato reforçou indícios de irregularidades no patrocínio do Sesc ao “Noites Cariocas”, apontados pelo Tribbunal de Contas da União.
A entidade repassou R$ 14,1 milhões para as edições em 2010 e 2011 “sem seleção prévia do projeto a ser patrocinado, sem comprovação do preço de mercado do custo do patrocínio e sem comprovação de aplicação dos recursos pelo patrocinado”, diz relatório do TCU.
A PF também apreendeu na casa de Diniz uma tabela com valores dos repasses a eventos na cidade com uma coluna classificada como “outros gastos (10%)”. O MPF suspeita que se trate do valor destinado a Diniz.
O ex-presidente foi denunciado sob acusação de lavagem de dinheiro, corrupção e participação em organização criminosa junto com o exgovernador Sérgio Cabral (MDB). Ele usou, segundo o MPF, operadores do emedebista para “branquear” recursos ilegais.
É a terceira vez que Accioly é citado em uma investigação da Operação Lava Jato.
Já foi citado na delação de Henrique Valladares, ex-diretor da Odebrecht, como intermediário de propina para senador Aécio Neves (PSDBMG). Accioly também já foi intimado a explicar negócios com Fernando Cavendish, exdono da Delta.
O motorista de Diniz declarou na PF que a cada duas semanas o empresário ia para a casa do pai, no Leblon (zona sul do Rio), com uma mochila cheia, e voltava com ela vazia.
“Mesmo com todas as testemunhas e investigados informarem que Orlando Diniz pagava contas somente em dinheiro, o que inclusive foi admitido por este em seu interrogatório, nenhum centavo foi encontrado pela PF em seu apartamento ou do seu pai, ou em qualquer outro local de busca”, escreveu o MPF. OUTRO LADO O advogado de Diniz afirmou que as investigações não apresentaram nenhum ato ilícito e que as questões serão esclarecidas nos autos.
Disse ainda que o Diniz repudia o uso do nome dele no depoimento do motorista e que a investigação foi sobre todos os eventos do Sesc e não somente do “Noites Cariocas”.