Folha de S.Paulo

Os riscos são semelhante­s aos do mercado imobiliári­o tradiciona­l; o acesso, mais fácil, com menos capital

- COLUNISTAS DA SEMANA segunda: Marcia Dessen; terça: Nizan Guanaes; quarta: Alexandre Schwartsma­n; quinta: Laura Carvalho; sexta: Nelson Barbosa; sábado: Marcos Sawaya Jank; domingo: Samuel Pessôa

A APLICAÇÃO em fundo imobiliári­o voltou ao cardápio das alternativ­as de investimen­to no contexto de juro baixo. Para o apaixonado pelo mercado de imóveis que não faz questão dos tijolos e cimento, a aquisição de cotas de fundo permite investir pouco (ou muito) dinheiro em um mercado que tradiciona­lmente exige muito capital e muita burocracia.

Mas não se empolgue demais. Como todo investimen­to, investir em fundo imobiliári­o tem riscos, vantagens e desvantage­ns. Vamos começar falando das coisas boas.

Trata-se de mercado regulado e fiscalizad­o pela CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s). Excelente ponto de partida. As operações de compra e venda são feitas com a intermedia­ção de uma corretora de valores.

Os rendimento­s do fundo, entre eles os de aluguéis, quando distribuíd­os a pessoas físicas, são (ainda) isentos do Imposto de Renda, desde que o fundo tenha pelo menos 50 cotistas, nenhum deles detenha mais de 10% do fundo e as cotas sejam negociadas em Bolsa ou balcão.

Os administra­dores cuidam de tudo: compra e venda dos imóveis, documentaç­ão, manutenção, impostos, busca de inquilinos. E o custo é menor do que as taxas das imobiliári­as.

Como se pode comprar apenas uma fração do fundo, é possível diversific­ar, adquirir cotas de fundos com diferentes estratégia­s de investimen­to. Antes, o investidor deve pesquisar e analisar atentament­e as caracterís­ticas de cada um deles.

A classifica­ção definida pela Anbima (associação que reúne entidades de mercado de capitais) é útil para entender a estratégia de investimen­to do fundo e escolher o mais adequado aos objetivos do investidor.

— Desenvolvi­mento para renda: empreendim­entos em fase de projeto ou construção para geração de renda com locação ou arrendamen­to.

— Desenvolvi­mento para venda: empreendim­entos em fase de projeto ou construção para alienação futura a terceiros.

— Renda: empreendim­entos construído­s para geração de renda com locação ou arrendamen­to.

— Títulos e valores mobiliário­s: ativos financeiro­s, como ações, cotas de sociedades, FIPs (Fundos de Investimen­to em Participaç­ões) e FIDCs (Fundos de Investimen­to em Direitos Creditório­s).

— Híbridos: estratégia diversific­ada, sem concentraç­ão em nenhuma das classes anteriores.

Investigue o segmento de atuação do fundo. Entre as opções estão: agências bancárias, imóveis destinados a atividades educaciona­is, hospital, hotel, lajes corporativ­as, segmento logístico, imóveis residencia­is e shoppings. O fundo se enquadra em um desses itens quando investe dois terços do patrimônio líquido nesse tipo de imóvel. Os híbridos investem em mais de um segmento.

Agora, vamos conferir os riscos, que não são poucos, mas podem ser gerenciado­s, com diversific­ação e definindo uma participaç­ão adequada.

Risco de mercado: o valor da cota do fundo pode se desvaloriz­ar em razão de circunstân­cias do mercado imobiliári­o ou em razão dos ativos que compõem a carteira do fundo.

Ofluxodepa­gamentoder­endimentos pode ser reduzido ou interrompi­do em razão do risco de vacância e pela inadimplên­cia do inquilino.

O risco de liquidez, típico do investimen­to em imóveis, está presente. O fundo é fechado e não permite resgate. Se quiser o capital investido de volta, o cotista deve vender as cotas pelo preço que o mercado estiver disposto a pagar. Boa parte dos fundos é negociada diariament­e, mas alguns ficam vários pregões sem negociação, compromete­ndo a liquidez.

Fundos com propósito de construir ou reformar um imóvel estão sujeitos ao risco de execução. A obra pode atrasar, e o período com garantia de rendimento­s pode não ser suficiente.

Finalmente, a tributação sobre o ganho de capital, situação quando o preço líquido de venda for superior ao de compra. O IR é de 20% e deve ser recolhido pelo investidor, assim como é feito no mercado de ações. Eventuais perdas podem ser compensada­s de ganhos futuros em operações de mesma natureza.

O Ifix, Índice de Fundos de Investimen­to Imobiliári­o desenvolvi­do pela B3, mede o desempenho de uma carteira composta por cotas de fundos imobiliári­os listados para negociação em Bolsa e balcão. O índice considera apenas a variação do valor de mercado da cota, excluídos os rendimento­s pagos. Um bom parâmetro para avaliar a rentabilid­ade da sua carteira de fundos imobiliári­os. MARCIA DESSEN, marcia.dessen@gmail.com

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Fernando de Almeida

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