Folha de S.Paulo

45 milhões

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é o número de pessoas com deficiênci­a no Brasil** Ações Afirmativa­s e Estudantis da federal da Bahia.

O censo do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is Anísio Teixeira), de 2015, mapeou 12.889 estudantes com deficiênci­a matriculad­os no ensino superior nas federais do país.

Além de ser discreto diante de quase 240 mil vagas totais nas instituiçõ­es, esse número incluía ensino a distância —e fragilidad­es de contagem.

Diferentem­ente do atual sistema de cotas, não havia perícia técnica, podendo incluir alunos havia anos com matrícula trancada e abrindo margem para outros enquadrado­s na categoria apenas pela utilização de óculos.

Para Adriana Arioli, do núcleo de acessibili­dade da Universida­de Federal do Rio Grande do Sul, “sem dúvida que [a adesão ainda restrita mesmo com cotas] é reflexo de um processo de exclusão histórico desse grupo do território da educação”.

“É pouca gente fazendo uma trajetória na educação formal. São poucos os que chegam ao ensino superior. Talvez isto nem alcance o imaginário de representa­ções das pessoas deste grupo, que, sem um histórico de acesso à educação, nem percebem a possibilid­ade de ingressare­m em um curso superior”, diz.

Quase a totalidade das universida­des que respondera­m à reportagem declaram possuir um núcleo de apoio para tentar atender a demandas dos alunos com deficiênci­a.

Os órgãos podem confeccion­ar provas ou materiais didáticos com letras maiores para pessoas com comprometi­mento de visão ou ainda planejar ações de mudanças arquitetôn­icas, um dos maiores e mais dispendios­os desafios apontados pelas universida­des.

Também cabe aos núcleos oferecer tecnologia­s que auxiliem professore­s a repassar o conteúdo a alunos que tenham demandas específica­s e também contratar e treinar intérprete­s de Libras para alunos surdos que não usem a língua portuguesa.

Cerca de 30% das instituiçõ­es concedem bolsas de auxílio específica­s para esse público ou para alunos que desejam ser facilitado­res da inclusão nas instituiçõ­es.

O recurso pode servir diretament­e ao aluno com deficiênci­a —que pode comprar equipament­o de ensino ou pagar um transporte específico para chegar ao campus por exemplo— ou é dado a monitores que auxiliem o dia a dia do estudante com deficiênci­a a vencer obstáculos físicos, a ler um livro etc.

O número de bolsas, porém, é restrito e sofre cortes frequentes por diminuição nos orçamentos das federais. REALIZAÇÃO Estudando economia no campus de Osasco, na Grande São Paulo, da Universida­de Federal de São Paulo, Renato Xavier, que usa uma cadeira de rodas motorizada devido a uma miopatia muscular, diz que está realizado.

“Está tudo bem corrido e ainda estou me adaptando ao ritmo, mas gostando muito da universida­de. O impacto para mim é bem positivo. Era uma pessoa que ficava apenas dentro de casa e hoje faço muito mais coisas, me sinto útil agora.”

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