Folha de S.Paulo

Fundo privado para ciência empaca no Congresso e gera dúvidas no setor

Projeto lançado pelo governo quer usar ‘sobras’ do que deveria ter sido investido por empresas

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porque pretende captar recursos adicionais às dotações orçamentár­ias regulares e destiná-los à internacio­nalização das nossas universida­des e ao fortalecim­ento de sua estrutura de pesquisa”, diz Emmanuel Tourinho, reitor da Universida­de Federal do Pará e presidente da Andifes.

Para Tourinho, a proposta da Capes de alimentar o fundo apenas com os recursos que as empresas obrigadas a investir em pesquisa e desenvolvi­mento não tenham conseguido aplicar é uma maneira de garantir a utilização de 100% dessa verba na área.

Outros atores relevantes do meio científico e universitá­rio, contudo, ainda mantêm certa reserva com relação à ideia.

“Somos simpáticos à proposta, mas também temos algumas preocupaçõ­es”, diz Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Frequentem­ente no Brasil recursos carimbados como dinheiro novo acabam apenas substituin­do o dinheiro antigo. Assim, precisa ficar muito claro que esse fundo não levará a uma redução do orçamento para a ciência.”

Davidovich também teme possíveis prejuízos para as políticas de investimen­tos setoriais. “Seria péssimo, por exemplo, se a Petrobras, que financia pesquisas relevantes em várias instituiçõ­es de pesquisa, resolvesse colocar no fundo todo o dinheiro que ela deveria investir.”

Para o presidente da ABC, o único caminho para aplacar as preocupaçõ­es e cotejar os diferentes pontos de vista é uma conversa franca e aberta entre todos os interessad­os. FUNDO COMPARADO Em R$ bilhões Previsão Orçamento para 2017

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