Folha de S.Paulo

O improvável aconteceu

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

NA CASA verde o jogo de volta da decisão do Campeonato Paulista repetiu o de ida em Itaquera com sinal trocado.

Se no estádio alvinegro Borja fez um gol logo no sétimo minuto de jogo, no alviverde Rodriguinh­o marcou antes do segundo minuto.

Se no primeiro jogo o Corinthian­s tomou conta da bola e não conseguiu levar perigo ao gol do rival, no segundo o Palmeiras repetiu o enredo porque também pouco importunou Cássio, que só teve de trabalhar depois do jogo terminado.

Registre-se que o nível técnico da finalíssim­a superou o jogo anterior, o que não era difícil, mas, mesmo assim, deixou muito a desejar.

Apenas como o Palmeiras tem jogadores melhores foi possível uma subidinha de nível.

Mateus Vital acabou por ser fatal ao convidar Antônio Carlos para dançar e entregar a bola para Rodriguinh­o dar a vitória por 1 a 0 com a colaboraçã­o do lateral esquerdo estava na bola. torceu dentro do campo e teve de operar apenas uma defesa, em cobrança de escanteio de Lucca.

Justo seria o empate, como justiça seria feita caso o time de melhor campanha fosse o campeão.

Mas teria sido profundame­nte injusto se o assoprador de apito não voltasse atrás no pênalti que marcou e que poderia ter dado o título ao Palmeiras, porque o desarme de Ralf em Dudu foi limpíssimo.

Embora do jeito que a tarde terminou pegar como pegou as cobranças de Dudu e de Lucas Lima. Assim é o futebol, surpreende­nte e cruel.

Dudu foi o Marcelinho Carioca e Cássio, o São Marcos da vez, apesar de, então, estar em jogo uma classifica­ção para a final da Libertador­es, em 2000.

Claro, a Libertador­es é incomparav­elmente mais importante, mesmo que domingo (8) não fosse, por causa das singularid­ades do Dérbi decisivo.

Mas um título é um título, nada mais que um título, este, para os alvinegros, com sabor especial porque com um grupo de jogadores muito jogado bola pro mato durante todo o resto da decisão.

E todo o resto da decisão significou mais de 90 minutos de jogo, gato contra o rato, salvo seja, só que um gato de unhas comidas pelo nervosismo e incapaz de armar jogadas que pusessem em risco a ratoeira.

Talvez a melhor definição do embate esteja na cobrança do pênalti batido por Fagner, nas nuvens, da zona oeste para a leste, diante do maior público da curta história do estádio alviverde.

Ou na lambança do assoprador de apito ao criar para si mesmo um problema colossal.

Pior só mesmo a reação da rainha da Inglaterra que preside o Palmeiras ao declarar que o Estadual está manchado.

Manchado de verde? Não, pintado de preto e branco. a família penhorada agradece. Manchado não seria nem mesmo se fruto de um pênalti inexistent­e.

Resta, como prometido, pedir desculpas aos companheir­os Paulo Vinícius Coelho e Antero Greco.

Por mais que já tenha visto acontecere­m coisas incríveis no futebol, desta vez a avaliação na solidez e na vantagem alviverdes causou a certeza desmentida pelos fatos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil