Folha de S.Paulo

A vingança de Aparecido

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NÃO CABE discutir uma final com base na arbitragem e não se fará isto aqui, embora você leia um pouco abaixo uma avaliação sobre o juiz.

O Corinthian­s venceu o Campeonato Paulista porque foi melhor. Só levou à decisão por pênaltis porque ganhou o jogo. E, se venceu, foi porque teve estratégia.

Na sexta à noite, em sua entrevista coletiva, Carille evitou anunciar o time titular, mas deixou nas entrelinha­s a estratégia. Jogar com dois meias, sem atacante fixo, significav­a tentar a posse de bola. Foi o que Carille afirmou na linha lateral, segundos antes do pontapé inicial.

Seria a tentativa nos minutos iniciais, não fosse o gol marcado no primeiro ataque, jogada de Mateus Vital, finalizada por Rodriguinh­o.

Se o Corinthian­s tem hoje um jogador que resolve, este é Rodriguinh­o.

CORINTHIAN­S

Foi quem decidiu o clássico de Itaquera, como meia, armador, nada de meio de campo. É atacante. Perto da grande área, tem muito mais chance de decidir jogos.

Domingo (8), decidiu o Campeonato Paulista.

O Corinthian­s é campeão por ser o time brasileiro com mais definição de estilo. Sabe o que quer. O Palmeiras começou este ano em busca exatamente disto e não deve mudar de filosofia por causa da derrota.

O que não exclui pensar sobre acertos e erros.

Talvez fosse mais correto ter Thiago Santos como primeiro volante,

PALMEIRAS

da área para tentar ajudar Marcos Rocha na jogada de Mateus Vital. Faltou alguém na grande área para marcar Rodriguinh­o.

O Corinthian­s sabe o que faz. Fábio Carille mais ainda. Incrível sua trajetória neste ano e meio, em que formou times diferentes. Quando venceu o primeiro clássico contra o Palmeiras, em Itaquera, no ano passado, tinha Kazim como titu- lar. Depois, formou a equipe com Jô como titular. Quando o perdeu, estruturou sua equipe sem centro-

Mas é preciso falar de arbitragem. Demorou 25 anos para um novo juiz Aparecido aparecer numa decisão Palmeiras e Corinthian­s. Daquela vez, o pecado de José Aparecido foi não ter expulsado Edmundo. Desta vez, Marcelo Aparecido voltou atrás num lance de absoluta dúvida.

Voltar atrás, nesta situação, é pura inseguranç­a. Árbitro inseguro não pode apitar final.

Ao Palmeiras servia manter o empate ou ganhar o jogo. Houve 89 minutos depois do gol do Corinthian­s para empatar a partida.

A partir daí, o Corinthian­s recuou e entregou a bola ao adversário. O Palmeiras tinha uma única alternativ­a: jogar com Dudu pela direita. Melhorou com Keno, mas não o suficiente para conseguir o que seria necessário para ser campeão: um gol.

O Corinthian­s colhe mais uma vez o resultado da sequência de trabalho. Resta ao Palmeiras é seguir em frente.

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