Folha de S.Paulo

Centro da galáxia é campo minado de buracos negros, aponta estudo com telescópio de raios X

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TÁ TUDO DOMINADO O centro da Via Láctea é provavelme­nte o lugar mais inóspito que possa haver em nossa galáxia. Uma altíssima concentraç­ão de estrelas zunindo ao redor de um buraco negro supergigan­te, com massa de aproximada­mente 4 milhões de sóis, tudo isso envolto numa nuvem difusa de gás, ideal para a formação de estrelas de alta massa. E a cereja no bolo: o buraco negro gigante é rodeado por dezenas de milhares de buracos negros menores, de massa estelar. O ESPERADO Essa é uma velha predição dos astrônomos. Afinal, se há gás circundant­e para formar uma profusão de estrelas de alta massa, esses astros vão viver e morrer em alguns milhões de anos, explodir como supernovas e se transforma­r em buracos negros. A receita é conhecida. O difícil era confirmar essa hipótese. O INVISÍVEL Buracos negros não são exatamente fáceis de observar, por uma razão muito simples: são negros. Ganharam esse nome porque sua gravidade é tão intensa que nem a luz pode escapar deles. Assim, não podem ser vistos. Como então detectá-los? VIZINHOS CAGUETAS Os astrônomos liderados por Chuck Hailey, da Universida­de Columbia, nos EUA, decidiram ir atrás dos buracos negros que tivessem uma estrela vizinha próxima, num par binário. Nesses casos, o consumo do gás da estrela pelo buraco negro emitiria raios X que poderiam ser detectados. A PONTA DO ICEBERG Encontrara­m, em dados de arquivo do observatór­io espacial de raios X da Nasa, o Chandra, evidências de uma dúzia desses sistemas binários num raio de apenas três anos-luz do superburac­o negro central. E a distribuiç­ão deles indica a existência de outros similares, além de muitos mais buracos negros solitários, exatamente como sugeriam os modelos. O centro da galáxia é mesmo um campo minado de buracos negros. O trabalho ganhou as páginas da revista Nature. mensageiro­sideral.blogfolha.uol.com.br

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