Maluf apresenta ao STF documentos para anular prisão
Ex-prefeito enviou papéis que mostrariam que ele não movimentou conta bancária
No primeiro ato oficial da pré-campanha para governador, o ex-prefeito João Doria (PSDB) recebeu nesta segunda-feira (9) o apoio do PSD, partido que ocupará a vaga de vice na chapa do tucano.
A ex-vice-prefeita Alda Marco Antônio é o nome mais cotado para assumir o posto. Entre 2009 e 2012, ela foi vice de Kassab no mandato dele na prefeitura da capital.
Kassab, que é o atual ministro das Comunicações, chegou a ser cotado para vice de Doria, mas não se desincompatibilizou do cargo no governo e afirmou na semana passada que continuará na gestão Michel Temer.
O evento foi encerrado sem a confirmação de que os dois partidos negociaram a vaga de vice, mas, na saída, Kassab confirmou aos jornalistas que o acordo está selado.
À Folha Doria disse: “Tudo o que o ministro Gilberto Kassab falar a nosso respeito eu confirmo”. No palco, o discurso era o de que o nome do (ou da) colega de chapa será anunciado “oportunamente”.
A possibilidade de Alda ser a escolhida não foi cravada pelos dois nem pela própria. “O partido está discutindo”, despistou ela.
Doria e seus aliados tentam ainda atrair o apoio de legendas como DEM, PP e PRB.
O tucano deixou a prefeitura na sexta-feira (6) para disputar o governo. Seu principal adversário deve ser o atual governador, Márcio França (PSB), que era vice de Geraldo Alckmin (PSDB). ALCKMIN Kassab afirmou que o acordo no plano estadual não significa necessariamente que o PSD apoiará a candidatura de Alckmin à Presidência da República, embora a tendência mais forte hoje seja essa.
O ministro chamou de “falácia” a crítica a Doria por ter abandonado a prefeitura com 15 meses de mandato.
“Não há quem questione que nesses 15 meses à frente da prefeitura o João Doria foi um excelente prefeito”, disse, ressaltando o papel que o substituto dele, Bruno Covas (PSDB), terá agora.
Doria, que transferiu para o filho o comando do grupo Lide ao assumir a prefeitura, disse que não voltará à direção da empresa e que sua única ocupação nos próximos meses será a campanha.
O pré-candidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes comemorou a aliança. Segundo ele, é “uma coligação vitoriosa”, que reúne do lado do PSD prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais e “lideranças inclusive do movimento sindical”.
Uma delas, Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), fez elogios a Doria no evento. Disse que ele “é um homem do povo” e que é preciso eleger alguém que “está longe da corrupção, tem capacidade de gestão e gosta do cheiro do povo”. (JOELMIR TAVARES)
O ex-prefeito Paulo Maluf (PP-SP), detido desde dezembro, apresentou documentos ao STF para tentar anular a decisão do ministro Edson Fachin de enviá-lo à prisão.
A corte julgará, na quarta (11), agravo apresentado por ele e também o mérito do habeas corpus em que o deputado pede para cumprir pena em regime domiciliar.
O pedido foi concedido por meio de liminar do ministro Dias Toffoli, mas precisa ser confirmado no plenário para que Maluf continue em casa.
Em maio do ano passado, o parlamentar foi condenado pela primeira turma do tribunal a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro.
Os advogados recorreram, mas, em dezembro, Fachin negou os recursos e determinou o cumprimento imediato da pena.
Segundo a defesa do parlamentar, o caso foi encerrado por Fachin sem que o tribunal analisasse papéis que provam que Maluf, ao contrário do que concluiu o STF, não movimentou contas atribuídas a ele no Deutshe Bank em 2003.
Segundo eles, as contas foram bloqueadas em 1999 e portanto o ex-prefeito não poderia ter autorizado nenhuma movimentação nelas.
As transferências registradas teriam sido feitas, na verdade, por ordem do próprio Deutsche Bank, para pagar despesas de advogados em processos que envolviam o banco em relação ao escândalo de Paulo Maluf.
O advogado Jorge Nemr, do Leite, Tosto e Barros advogados, que representa o deputado, chegou a pedir na Justiça de Jersey, onde as contas foram registradas, documentos que mostram que as movimentações foram ordenadas exclusivamente pela instituição financeira.
Eles argumentam que, como as contas não foram movimentadas desde 1999 por Maluf ou por ordem dele, o caso estaria prescrito.
Os documentos foram apresentados pela primeira vez à primeira turma do STF. A maioria dos ministros, no entanto, entendeu que a matéria já estava superada e que a defesa queria apenas protelar o julgamento.
Já os advogados de Maluf alegam que os papéis são prova cabal de que ele não movimentou conta alguma e que o caso portanto está prescrito. Maluf está internado há uma semana no hospital Sírio Libanês, em SP.
Segundo laudo divulgado nesta terça-feira (10), ele está com câncer de próstata com metástase óssea, incontinência urinária, cardiotapia, anemia, confusão mental e depressão.