Rede social estudará seus efeitos eleitorais
Um dos depoimentos ao Congresso americano do fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, incluirá um pedido de desculpas por ele ter falhado em proteger os dados dos usuários da rede social e por ter permitido a difusão de notícias falsas e a manipulação.
“Está claro agora que não fizemos o suficiente para evitar que essas ferramentas fossem usadas para causar danos”, afirmará, segundo transcrição fornecida pela Comissão de Energia e Comércio da Câmara, onde ele será ouvido na quarta (11).
“Não tivemos uma visão ampla sobre nossas responsabilidades, e esse foi um grande erro. Foi meu erro, e eu peço desculpas.”
Após o testemunho inicial do executivo, os deputados farão perguntas sobre o tema.
Zuckerberg, que se vê acuado pela opinião pública por falhas na proteção de dados de usuários do Facebook e pelo uso desses para fins escusos, participará de duas audiências no Capitólio nesta semana. A primeira acontece nesta terça (10), em sessão conjunta de duas comissões do Senado.
Ali, ele será sabatinado na sala em que já prestaram depoimento juízes indicados para a Suprema Corte, investigadores do ataque às Torres Gêmeas e o ex-diretor do FBI James Comey, demitido por Trump no ano passado.
Pelo menos 45 congressistas (membros das comissões) assistirão ao testemunho e poderão inquirir Zuckerberg. CONEXÕES POSITIVAS Na quarta, o executivo afirmará à Câmara querer promover “conexões positivas” entre pessoas, e não desinformação. Além disso, reconhecerá que a empresa foi “muito lenta” na identificação da ação de agentes russos nas eleições americanas de 2016 e dirá que vai contratar milhares de pessoas para atuar na segurança da plataforma com vistas às eleições de Brasil, México, Índia e Paquistão, entre outros países.
“A missão do Facebook é dar voz às pessoas e aproximá-las. Esses são valores profundamente democráticos. Não quero que ninguém use nossas ferramentas para minar a democracia”, dirá ele.
Segundo Zuckerberg, a empresa se prepara para aumentar consideravelmente o investimento em segurança.
Ele afirmará, segundo a prévia divulgada na segunda (9), que a empresa continua removendo centenas de perfis e páginas usados por agentes russos para divulgar notícias falsas —somente na semana passada, foram 270 exclusões.
Zuckerberg prometerá ainda aumentar os controles sobre o uso de dados dos usuários do Facebook por terceiros, para evitar o ocorreu no caso da consultoria Cambridge Analytica.
A empresa teve acesso indevido às informações de 87 milhões de pessoas para divulgar propaganda política.
No discurso, o executivo dirá que o Facebook está promovendo uma auditoria de todos os aplicativos que tiveram acesso a um grande volume de dados de usuários até 2014, ano em que a empresa incrementou os controles sobre essas informações.
A empresa também começou a revogar o acesso a dados de aplicativos que não tenham sido usados pelos usuários nos últimos três meses e limitou o número de informações que podem ser colhidas —apenas foto de perfil, e-mail e nome serão autorizados a partir de agora.
Há a expectativa de que outras companhias de tecnologia (como Google e Twitter) sejam convocadas nas próximas semanas para falar da privacidade de seus usuários.
Zuckerberg vem se preparando há semanas para as audiências, com baterias de entrevistas à imprensa e anúncios de mudanças em controles de privacidade do Facebook. Nesta segunda, ele encontrou alguns dos congressistas que irão interrogá-lo, em reuniões privadas no Congresso. Foi cercado pela imprensa na saída dos gabinetes, mas não deu entrevista.
DA ASSOCIATED PRESS
O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, disse nesta segunda-feira (9) que a empresa terá uma comissão independente para estudar as repercussões das mídias sociais nas eleições e na democracia.
Segundo o executivo, a comissão vai trabalhar com fundações dos EUA para apontar um comitê de especialistas acadêmicos, que escolherão tópicos de pesquisa e pesquisadores independentes para realizar os estudos.
Também nesta segunda, a rede social anunciou que suspendeu mais uma empresa de aplicativos, a CubeYou, que também teria usado dados de usuários de maneira imprópria.
A CubeYou tem ligação com o Centro de Psicometria da Universidade de Cambridge e estaria coletando dados de usuários por meio de testes online.
A empresa teria coletado dados supostamente para uso acadêmico e depois vendido as informações a firmas de marketing, mesmo proce- dimento questionável adotado pela Cambridge Analytica, que está no centro do escândalo de vazamento de dados do Facebook.
A Cambridge teria reunido indevidamente os dados de 87 milhões de pessoas, inclusive mais de 400 mil no Brasil, por meio de testes de personalidade e da coleta dos dados dos amigos de quem fazia o teste.
O Facebook disse que começaria nesta segunda a notificar os usuários que tiveram seus perfis acessados pela Cambridge Analytica.