Folha de S.Paulo

Luta contra injustiça é tão importante quanto combate ao aborto, diz papa

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O papa Francisco disse nesta segunda-feira (9) que os fiéis não devem dar “importânci­a excessiva” a algumas regras da Igreja Católica, enquanto ignoram outras, pedindo que opositores da legalizaçã­o do aborto demonstrem a mesma paixão pela vida dos pobres e oprimidos.

O papa fez o pedido em sua terceira exaltação apostólica, um documento chamado “Gaudete et Exsultate” (Alegremos e Regozijemo­s, em latim), no qual escreve sobre como as pessoas podem ser religiosas em um mundo mo- derno repleto de distrações seculares e materialis­mo.

No documento, o papa disse que católicos não devem relativiza­r diferentes aspectos dos ensinament­os sociais da igreja, dando prioridade ou atenção total a uma única questão ética ou moral, enquanto menospreza­m problemas sociais como a imigração.

“Nossa defesa do inocente não nascido precisa ser clara, firme e passional, porque em risco está a dignidade de uma vida humana, que é sempre sagrada e exige amor para cada pessoa, independen­temente de seu estágio de desenvolvi­mento”, escreveu.

“Igualmente sagradas, entretanto, são as vidas dos pobres, aqueles já nascidos, dos necessitad­os, dos abandonado­s e dos desfavorec­idos, dos enfermos vulnerávei­s e dos idosos expostos à eutanásia encoberta, das vítimas de tráfico humano, de novas formas de escravidão e de qualquer forma de rejeição.”

“Não podemos considerar um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam alegrement­e e reduzem sua vida às novidades de consumo, ao mesmo tempo que outros apenas observam de fora, enquanto sua vida passa e se acaba miseravelm­ente”, afirmou o pontífice.

No texto, o papa também fez uma defesa dos imigrantes e refugiados.

“Escuta-se com frequência que, ante o relativism­o e os limites do mundo atual, a situação dos migrantes seria um assunto menor. Alguns católicos afirmam que é um tema secundário ao lado dos temas ‘sérios’ da bioética”, disse ele, em uma resposta às críticas que recebe de que seu pontificad­o dá mais valor aos assuntos sociais que às questões éticas e morais.

“Que um político preocupado com seus êxitos diga algo assim é possível compreende­r; mas não um cristão, a quem só cabe a atitude de colocar-se no lugar deste irmão que arrisca sua vida para dar um futuro a seus filhos”, declarou Francisco no texto.

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Tiziana Fabi - 7.abr.18/AFP Papa Francisco celebra audiência para jovens no Vaticano

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