Boa parte das ações no Brasil e retirando dinheiro do país.
EDITORA DE MERCADO
O primeiro dia útil no mercado financeiro após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu analistas e economistas. Enquanto a maioria previa acomodação nos indicadores ou mesmo uma melhora, o que se viu foi instabilidade.
O dólar fechou em R$ 3,42 nesta segunda-feira (9), o maior valor desde dezembro de 2016. A Bolsa recuou 1,8%, para 83.307 pontos.
Segundo o economistachefe da Rio Bravo Investimentos, Evandro Buccini, o que chama a atenção é o fato de que o dia foi calmo nas Bolsas do mundo e apenas dois emergentes sofreram: O Brasil, após a prisão de Lula, e a Rússia, por ser aliada de Bashar Al-Assad, na Síria. Acusado de promover um novo ataque químico a civis, o regime pode ser retaliado pelos Estados Unidos.
O rublo russo foi a moeda que mais se desvalorizou, comquedade4,1%.Orealfoi a segunda. “Vamos ter de esperar alguns dias para entender que movimento foi esse no Brasil, mas está claro que os investidores estrangeiros identificaram algum proble- 4.jan.16 Dólar ma aqui”, disse Buccini.
Entre as primeiras interpretações, ganha força a análise de que, contrariando o senso comum, a saída de Lula da disputa eleitoral deixa o cenário mais incerto.
“Alguns identificam que a equação eleitoral é mais complexa, pois a saída de Lula pode fortalecer os extremos e abrir espaço para outsiders”, disse Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
O dia foi marcado por especulações. Nas mesas de operações circulou a história de que um grande fundo multimercados estaria vendendo VERSÕES A justificativa para o malestar com o cenário eleitoral ganhou várias versões.
Em uma, os investidores estariam reagindo à decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello de levar ao plenário da corte um pedido de liminar que suspenderia a prisão em segunda instância, o que poderia beneficiar réus da Lava Jato, incluindo Lula.
Em outra perspectiva, haveria a preocupação com o im- ponderável sem o petista.
Em relatório, o banco Votorantim fez a avaliação de que pode aumentar a demanda popular por mudanças, o que incentivaria discursos populistas.
“O risco é que a eficiência eleitoral desses discursos não necessariamente implica agendas econômicas bem definidas e ou a capacidade de construção de coalizões estáveis no Congresso”, afirmou o texto. “Portanto, não apenas o processo eleitoral pode ser mais incerto mas a próxima gestão econômica pode trazer dúvidas importantes.”
Muito se falou também sobre a crescente incerteza em relação à vitória de um candidato de centro, capaz de preservar a agenda reformista.
Para José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, a falta desse nome forte de centro piora o sentimento dos investidores.
“Tirou o Lula da campanha, e daí? Aparentemente você exclui da campanha alguém à esquerda que sinalize alguma coisa antimercado, mas não tem a menor ideia do que vem: esse cara de centro ainda não existe”, afirmou Gonçalves.