Folha de S.Paulo

Temer defende que bancos públicos devam manter ‘função social’

Retomada de discurso comum no governo Dilma ocorre na posse de Dyogo Oliveira no BNDES

- MARIANA CARNEIRO NICOLA PAMPLONA

Até agora, gestão do MDB vinha sendo marcada pela retração da oferta de crédito em instituiçõ­es estatais DORIO

O presidente Michel Temer defendeu nesta segunda-feira (9) que os bancos públicos tenham uma função social.

A afirmação feita durante a posse do novo presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvi­mento Econômico e Social), Dyogo Oliveira, difere das ações tomadas durante sua gestão na Presidênci­a, desde 2016, e indica uma mudança de rumo na atuação das instituiçõ­es nos meses que antecedem a eleição.

“Os bancos públicos devem ter função social, diferentem­ente dos bancos pri- vados”, afirmou Temer. “Os públicos, afora o desenvolvi­mento econômico do país, também devem perseguir a questão social. Por isso o S do BNDES”, disse.

Na presença do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), Temer enfatizou a segurança pública. O estado está sob intervençã­o federal. “Segurança pública é social. O S do BNDES deve ser cada vez mais prestigiad­o. E isso está sendo feito e certamente continuará sendo feito pelo Dyogo Oliveira.”

O presidente mencionou uma linha de crédito aberta pelo BNDES para a segurança pública. O banco vai dispor R$ 42 bilhões para segurança nos estados —a meta é liberar R$ 5 bilhões neste ano.

A gestão Temer havia sido marcada pela redução gradual do tamanho dos bancos públicos, que na gestão Dilma Rousseff chegaram a responder por mais da metade da oferta de crédito do país.

Só neste ano, o banco deverá devolver R$ 130 bilhões ao governo federal, o que reduz seu caixa disponível para novos financiame­ntos. GARANTIAS O novo presidente do banco disse que os desembolso­s dependerão da capacidade dos estados em apresentar garantias para essa operação.

Na semana passada, a AGU (Advocacia-Geral da União) emitiu parecer dando sinal verde para o uso de recursos dos fundos de participaç­ão de estados e municípios como garantia, apesar da resistênci­a da equipe econômica.

Oliveira disse que a autorizaçã­o para o uso dessas garantias ainda estão em discussão, apesar do parecer jurídico. “O Tesouro vai regulament­ar o uso do FPE permitindo [os empréstimo­s], mas isso será mais bem regulament­ado pelo Tesouro”, afirmou.

Ele também prometeu acelerar a análise para a conces- são de empréstimo­s, que leva em média seis meses. Afirmou ainda que o banco terá de se reinventar num cenário de maior contenção fiscal.

“Será diferente, não será nemmaiorne­mmenor,será diferente. No passado, o BNDES era o único financiado­r de infra, não é mais assim”, disse. “Temos de rumar para novos horizontes, novas formas de contribuir para o cresciment­o.”

Na viagem ao Rio, Temer voou com representa­ntes de sua equipe política —o ministro Carlos Marun (articulaçã­o política) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), que tem influência sobre o Ministério do Planejamen­to e BNDES. Também acompanhar­am o presidente os interinos da Fazenda e do Planejamen­to, Eduardo Guardia e Esteves Colnago, além de Henrique Meirelles.

Apesar das mudanças na equipe econômica, Oliveira disse acreditar que a estraté- gia é a mesma. “Essa é uma equipe nova, que é a mesma de antes. Mesmo time, mesma ideia, todo o mundo mantendo a atuação”, afirmou.

Na plateia, lideranças dos principais setores industriai­s que têm relações com o BNDES: aço, automotivo, têxtil, máquinas e equipament­os, além dos presidente­s da Febraban, Murilo Portugal, do conselho de administra­ção do Bradesco, Luiz Carlos Trabucco Cappi, e o sócio do BTG Eduardo Loyo.

Estavam presentes também ex-presidente­s do banco, como Maria Silvia Bastos Marques, que deixou o BNDES em maio de 2017.

Em seu discurso de despedida, Paulo Rabello de Castro, que deixa o cargo para concorrer à Presidênci­a pelo PSC, falou das acusações de corrupção e que não foi apresentad­a prova contra os funcionári­os do banco, “despedaçad­o por uma operação policial brutal” que não se justificou.

DAAFP

A China intensific­ou seus ataques ao governo dos Estados Unidos nesta segunda-feira (9) em razão dos bilhões de dólares em ameaças de tarifas.

Pequim afirmou que Washington seria o culpado pelos atritos comerciais entre os dois países e repetiu que é impossível negociar sob as atuais circunstân­cias.

As declaraçõe­s foram dadas após o presidente Donald Trump prever no domingo (8) que a China deve retirar suas barreiras comerciais. Ele expressou otimismo de que ambos os lados podem resolver a questão por meio de negociaçõe­s.

“Sob as atuais circunstân­cias, ambos os lados não podem ter negociaçõe­s sobre essas questões”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang.

“Os Estados Unidos, por um lado, têm a ameaça de sanções e, ao mesmo tempo, dizem que estão dispostos a conversar. Não tenho certeza para quem os Estados Unidos estão fazendo esse número”, disse Geng.

Para ele, os atritos comerciais se devem “inteiramen­te à provocação dos EUA”.

Nesta segunda, Trump afirmou que a relação comercial entre EUA e China é estúpida.

“Quando um carro é enviado para os Estados Unidos da China, há uma tarifa a ser paga de 2,5%. Quando um carro é enviado para a China dos Estados Unidos, há uma tarifa a ser paga de 25%. Isso soa como comércio livre ou justo? Não, parece comércio estúpido”, disse no Twitter.

Pequim não queria disputar uma guerra comercial, mas não tem medo de uma, afirmou o vice-ministro de Comércio, Qian Keming, no Fórum Boao para Ásia.

 ?? Rodrigo Chadì/Fotoarena/Folhapress ?? O governador Luiz Fernando Pezão (MDB) e o presidente Michel Temer na posse do novo presidente do BNDES; Rio está sob intervençã­o na segurança
Rodrigo Chadì/Fotoarena/Folhapress O governador Luiz Fernando Pezão (MDB) e o presidente Michel Temer na posse do novo presidente do BNDES; Rio está sob intervençã­o na segurança

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