Temer defende que bancos públicos devam manter ‘função social’
Retomada de discurso comum no governo Dilma ocorre na posse de Dyogo Oliveira no BNDES
Até agora, gestão do MDB vinha sendo marcada pela retração da oferta de crédito em instituições estatais DORIO
O presidente Michel Temer defendeu nesta segunda-feira (9) que os bancos públicos tenham uma função social.
A afirmação feita durante a posse do novo presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Dyogo Oliveira, difere das ações tomadas durante sua gestão na Presidência, desde 2016, e indica uma mudança de rumo na atuação das instituições nos meses que antecedem a eleição.
“Os bancos públicos devem ter função social, diferentemente dos bancos pri- vados”, afirmou Temer. “Os públicos, afora o desenvolvimento econômico do país, também devem perseguir a questão social. Por isso o S do BNDES”, disse.
Na presença do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), Temer enfatizou a segurança pública. O estado está sob intervenção federal. “Segurança pública é social. O S do BNDES deve ser cada vez mais prestigiado. E isso está sendo feito e certamente continuará sendo feito pelo Dyogo Oliveira.”
O presidente mencionou uma linha de crédito aberta pelo BNDES para a segurança pública. O banco vai dispor R$ 42 bilhões para segurança nos estados —a meta é liberar R$ 5 bilhões neste ano.
A gestão Temer havia sido marcada pela redução gradual do tamanho dos bancos públicos, que na gestão Dilma Rousseff chegaram a responder por mais da metade da oferta de crédito do país.
Só neste ano, o banco deverá devolver R$ 130 bilhões ao governo federal, o que reduz seu caixa disponível para novos financiamentos. GARANTIAS O novo presidente do banco disse que os desembolsos dependerão da capacidade dos estados em apresentar garantias para essa operação.
Na semana passada, a AGU (Advocacia-Geral da União) emitiu parecer dando sinal verde para o uso de recursos dos fundos de participação de estados e municípios como garantia, apesar da resistência da equipe econômica.
Oliveira disse que a autorização para o uso dessas garantias ainda estão em discussão, apesar do parecer jurídico. “O Tesouro vai regulamentar o uso do FPE permitindo [os empréstimos], mas isso será mais bem regulamentado pelo Tesouro”, afirmou.
Ele também prometeu acelerar a análise para a conces- são de empréstimos, que leva em média seis meses. Afirmou ainda que o banco terá de se reinventar num cenário de maior contenção fiscal.
“Será diferente, não será nemmaiornemmenor,será diferente. No passado, o BNDES era o único financiador de infra, não é mais assim”, disse. “Temos de rumar para novos horizontes, novas formas de contribuir para o crescimento.”
Na viagem ao Rio, Temer voou com representantes de sua equipe política —o ministro Carlos Marun (articulação política) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), que tem influência sobre o Ministério do Planejamento e BNDES. Também acompanharam o presidente os interinos da Fazenda e do Planejamento, Eduardo Guardia e Esteves Colnago, além de Henrique Meirelles.
Apesar das mudanças na equipe econômica, Oliveira disse acreditar que a estraté- gia é a mesma. “Essa é uma equipe nova, que é a mesma de antes. Mesmo time, mesma ideia, todo o mundo mantendo a atuação”, afirmou.
Na plateia, lideranças dos principais setores industriais que têm relações com o BNDES: aço, automotivo, têxtil, máquinas e equipamentos, além dos presidentes da Febraban, Murilo Portugal, do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabucco Cappi, e o sócio do BTG Eduardo Loyo.
Estavam presentes também ex-presidentes do banco, como Maria Silvia Bastos Marques, que deixou o BNDES em maio de 2017.
Em seu discurso de despedida, Paulo Rabello de Castro, que deixa o cargo para concorrer à Presidência pelo PSC, falou das acusações de corrupção e que não foi apresentada prova contra os funcionários do banco, “despedaçado por uma operação policial brutal” que não se justificou.
DAAFP
A China intensificou seus ataques ao governo dos Estados Unidos nesta segunda-feira (9) em razão dos bilhões de dólares em ameaças de tarifas.
Pequim afirmou que Washington seria o culpado pelos atritos comerciais entre os dois países e repetiu que é impossível negociar sob as atuais circunstâncias.
As declarações foram dadas após o presidente Donald Trump prever no domingo (8) que a China deve retirar suas barreiras comerciais. Ele expressou otimismo de que ambos os lados podem resolver a questão por meio de negociações.
“Sob as atuais circunstâncias, ambos os lados não podem ter negociações sobre essas questões”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang.
“Os Estados Unidos, por um lado, têm a ameaça de sanções e, ao mesmo tempo, dizem que estão dispostos a conversar. Não tenho certeza para quem os Estados Unidos estão fazendo esse número”, disse Geng.
Para ele, os atritos comerciais se devem “inteiramente à provocação dos EUA”.
Nesta segunda, Trump afirmou que a relação comercial entre EUA e China é estúpida.
“Quando um carro é enviado para os Estados Unidos da China, há uma tarifa a ser paga de 2,5%. Quando um carro é enviado para a China dos Estados Unidos, há uma tarifa a ser paga de 25%. Isso soa como comércio livre ou justo? Não, parece comércio estúpido”, disse no Twitter.
Pequim não queria disputar uma guerra comercial, mas não tem medo de uma, afirmou o vice-ministro de Comércio, Qian Keming, no Fórum Boao para Ásia.