Folha de S.Paulo

Em baixa, judô masculino aguarda novo comandante

Fulvio Miyata, técnico desde 2013, irá treinar o Minas Tênis; medalhista olímpico, Tiago Camilo é o favorito para ser o substituto

- DANIEL E. DE CASTRO

Pressionad­a pela seca de grandes resultados do judô masculino nos últimos anos, a CBJ (Confederaç­ão Brasileira de Judô) encerrou nesta quinta-feira (12) treinament­o de campo que durou duas semanas e reuniu os melhores atletas do país em Pindamonha­ngaba (SP).

O fim dos treinos marcou também a despedida do técnico Fúlvio Miyata, que comandava a seleção desde 2013. Ele assumirá a equipe do Minas Tênis Clube. Seu substituto ainda não foi definido, mas a primeira opção da entidade é Tiago Camilo.

Aos 35 anos, o duas vezes medalhista olímpico (2000 e 2008) não anunciou sua aposentado­ria de forma oficial, mas desde a Rio-2016 já não compete com regularida­de. Ele preside a Comissão de Atletas do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e possui uma academia em São Paulo.

A confederaç­ão espera até o fim do mês por uma respos- 60 kg 66 73 ta de Tiago Camilo.

Na Olimpíada do Rio, a única medalha do judô masculino foi o bronze de Rafael Silva, da categoria pesado (acima de 100 kg). Baby, apelido de Silva, levou o bronze também no Mundial do ano passado, em Budapeste. No mesmo peso, David Moura conquistou a prata.

Os pesados do país, ambos de 30 anos, são os únicos que figuram entre os oito melhores no ranking internacio­nal das suas categorias.

Segundo Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ, a renovação da seleção é dificultad­a pelo método de chaveament­o das competiçõe­s. Ao passarem para o profission­al, atletas com bom desempenho na base enfrentam judocas de ponta na primeira rodada e dificilmen­te conseguem bons resultados.

A aposta da confederaç­ão é levar os mais novos para competiçõe­s de nível técnico inferior, como o Campeonato Pan-Americano, que será disputado na semana que vem na Costa Rica e conta pontos para o ranking. Daniel Cargnin, 20, e Rafael Macedo, 23, ambos campeões mundiais na categoria sub-21, são os destaques.

“A intenção é que eles possam subir no ranking e se posicionar melhor nos sorteios. Aí a gente cria uma competição saudável dos atletas mais experiente­s com os mais jovens”, afirma Wilson.

A disputa por vaga vale para Tóquio-2020. Nos Jogos, cada país pode contar com apenas um representa­nte por categoria, regra inexistent­e em Campeonato­s Mundiais.

Silva já participou de dois torneios olímpicos e ganhou duas medalhas. Moura, hoje líder do ranking dos pesados, nunca disputou uma edição.

“Em 2016, se não tivesse o David brigando ponto a ponto comigo, seria muito difícil eu chegar bem para a Olimpíada”, afirma Rafael Silva.

“O fato de ter eu e o Baby na seleção me deixa sempre focado. Se um bobear, o outro assume a vaga”, diz o judoca cuiabano David Moura. MULHERES EM ALTA Ao contrário do masculino, as mulheres iniciam o ciclo olímpico de Tóquio-2020 com mais estabilida­de.

Mayra Aguiar, bicampeã mundial e com duas medalhas olímpicas, e Érika Miranda, que soma quatro medalhas em mundiais, continuam em alta nas suas categorias.

A principal novidade do ano é a liderança de Maria Portela (70 kg) no ranking.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil