Folha de S.Paulo

Escolas fazem diferença?

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SÃO PAULO - As matérias são ministrada­s em inglês e a mensalidad­e pode chegar a R$ 10 mil. Estamos falando da Avenues, uma das novas escolas internacio­nais que se instalaram em São Paulo. A outra é a Concept (mensalidad­e de R$ 6.000). Elas se somam a vários colégios bilíngues e a outros mais tradiciona­is na cada dia mais acirrada disputa pelo público endinheira­do.

Vale a pena gastar tanto com educação? O que a escola agrega ao conhecimen­to do aluno? Essas são questões que vêm despertand­o o interesse de pesquisado­res desde os anos 60, quando James Coleman mostrou que a extração familiar e a condição socioeconô­mica do estudante eram fatores mais importante­s para explicar seu desempenho acadêmico do que variáveis mais específica­s como a qualidade dos professore­s, investimen­to por aluno etc.

Isso já explica parte do segredo do sucesso das escolas de elite: elas são boas porque recrutam alunos mais ricos, que tendem a sair-se melhor do que a média dos estudantes. E o que acontece quando você põe um desses alunos de elite numa escola normal? Seu desempenho piora?

Essa é uma pergunta mais traiçoeira, já que depende muito do tipo de estudante de que estamos falando (esforçado ou preguiçoso?) e da escola (razoável ou daquelas em que os professore­s faltam todo dia?).

De todo modo, um belo trabalho de 2011 de Atila Abdulkadir­oglu mostrou que, ao menos no caso de bons alunos, a escola não faz diferença. Ele comparou o desempenho de alunos que conseguira­m entrar nas concorridí­ssimas “exam schools” de Nova York e Boston com o daqueles que por muito pouco não passaram e tiveram de contentar-se em estudar em colégios normais. No final, os dois grupos se saíram igualmente bem no SAT, o Enem dos EUA.

Escolas, vale lembrar, atuam numa via de mão dupla. Elas dão conhecimen­to aos alunos, mas também extraem algo deles: a sua excelência. helio@uol.com.br

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