Sob acusação de racismo, Bolsonaro é denunciado por Dodge
Procuradora diz que presidenciável usou expressões discriminatórias contra quilombolas, indígenas, e LGBTs
Conduta foi apontada como ‘ilícita, inaceitável e reprovável’; filho de deputado foi acusado de ameaçar jornalista
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou nesta sexta (13) o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) ao Supremo Tribunal Federal sob acusação de crime de racismo contraquilombolas,indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs.
Também deputado, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável, foi acusado pela PGR de ameaçar uma jornalista. A pena prevista — de um a seis meses de detenção— pode ser convertida em medidas alternativas.
A pena para o crime atribuído a Jair Bolsonaro é de um a três anos de reclusão. A Procuradoria pede ainda pagamen- to mínimo de R$ 400 mil por danos morais coletivos. Para que eles se tornem réus, o STF precisa acolher a denúncia.
Uma condenação transitada em julgado por racismo tornaria Bolsonaro inelegível pela Lei da Ficha Limpa, mas não deve haver tempo hábil para tal julgamentonoSTFatéoutubro.
Segundo Dodge, durante palestra no Clube Hebraica do Rio, em abril do ano passado, em pouco mais de uma hora de discurso, “Jair Bolsonaro usou expressões de cunho discriminatório, incitando o ódio e atingindo diretamente vários grupos sociais”.
Para Dodge, a conduta é “ilícita, inaceitável e severamente reprovável”. A Procuradoria cita a frase em que Bolsonaro disse: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.
Segundo Dodge, o ataque a variados grupos sociais continuou mirando os quilombolas. A denúncia mencionou a seguinte frase do deputado: “Eu fui em um quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. O deputado afirmou também que essas comunidades “não fazem nada”, “nem para procriador eles servem mais”.
Referiu-se a eles como se fossem animais, ao utilizar a palavra ‘arroba’”, diz Dodge.
Bolsonaro já é réu no STF, acusado de incitação ao crime de estupro. A acusação foi motivada por declaração do deputado no plenário da Câmara, em 2014, de que só não estupraria a colega Maria do Rosário (PT-RS), ex-ministra de Direitos Humanos, porque ela “não merecia”.
No caso de Eduardo, a PGR diz que ele enviou mensagens a uma jornalista dizendo que iria acabar com a vida dela.
Bolsonaro e seu filho não atenderam a reportagem até a conclusão desta edição.