União Europeia faz mais por venezuelanos do que latinos, diz boliviano
DA ENVIADA ESPECIAL A LIMA
Para o ex-presidente boliviano Jorge “Tuto” Quiroga, que governou seu país em 2001 e 2002 e hoje apoia a oposição venezuelana, “a União Europeia está fazendo mais pressão para enfrentar a crise na Venezuela do que os latino-americanos, e isso deveria mudar”.
Em entrevista à Folha , em Lima, Quiroga, 57, explicou o documento que os opositores à ditadura de Nicolás Maduro entregaram à Cúpula das Américas para debate entre os líderes presentes.
Trata-se de um conjunto de propostas consensuais entre ele e líderes da oposição venezuelana como Antonio Ledezma, David Smolansky e Julio Borges, presentes em Lima, e María Corina Machado e Leopoldo López, impedidos de deixar a Venezuela. (SC) Precisamos parar isso.
Ainda neste pacote, está a questão migratória, que tem de ser mais bem organizada.
Nossa proposta é algo como o TPS oferecido pelos EUA a habitantes de países centroamericanos depois das tragédias naturais na região [Temporary Protected Status, que não garante a permanência definitiva mas protege da extradição e reserva direitos].
O TPS seria concedido a refugiados venezuelanos por vários países, latino-americanos e europeus, e incluiriam um esquema para que os refugiados pudessem se matricular em escolas e universidades equivalentes às que frequentavam, bem como serem inseridos no mercado de trabalho. Teria de ser um compromisso internacional.
Seguramente o Brasil e a Colômbia teriam de receber mais refugiados, porque estão mais perto, mas sugerimos um TPS amplo, que inclua quem puder ajudar, seja de que continente for. um ou mais Estados têm de apresentá-la formalmente.
Aqui também cabe repensar a questão do petróleo. Há um mito de que impor sanção ao petróleo seria prejudicial ao povo venezuelano. Isso é mentira. O petróleo já foi roubado por esse governo. E os lucros estão sendo desviados pela cleptocracia, não vão para a população. O sr. acha que a União Europeia está adiante da América Latina em tomar medidas?
Sim, até os suíços, os mais neutros do mundo, estão pedindo sanções. Estamos atrás, e isso deveria mudar. Temos de colocar em andamento um plano de isolamento internacional já, e não esperar as eleições, que, ninguém tem a menor dúvida, vão resultar no endurecimento da ditadura.
Em entrevista, Campos criticou o que chamou de falta de rigor das forças federais na fiscalização do ingresso de estrangeiros. Para ela, deveriam ser obrigatórias a vacinação e a apresentação de documento de identificação.
“A União está fazendo um controle ínfimo. Não exige documento e antecedentes criminais. Além disso, a vacinação é voluntária, e eles não fazem vistoria dos veículos que atravessam a fronteira”, afirmou ela.
Em conversa com jornalistas no Peru, Temer afirmou que o governo já faz fiscalização e citou a carteira de identidade provisória para os refugiados.
“Acabei de verificar a petição. Muitas das medidas lá pleiteadas já estão sendo tomadas, temos recursos e pessoas lá para dar assistência social e médica.”
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, já havia criticado o pedido. “Esta é uma ideia... tenha santa paciência”, disse. “O governo federal está fazendo muito. Temos colaboração com a sociedade civil e o Acnur, agência da ONU para refugiados.”