Folha de S.Paulo

Crédito fraco é ponto de forte preocupaçã­o

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do país, Itaú e Bradesco, revisaram estimativa­s.

O Bradesco esperava alta de 0,5% para o PIB de janeiro a março e agora tem 0,3%. Já o Itaú reduziu pela metade a projeção, de 1% para 0,5%.

“Para chegar aos 3%, os dados a partir do segundo trimestre precisam ser mais fortes”, diz Fernando Gonçalves, superinten­dente de pesquisa do Itaú Unibanco.

Para Gonçalves, alguns elementos sustentam uma reversão do quadro recente a partir do segundo trimestre.

Entre eles, diz Gonçalves, a economia global em expansão, o menor endividame­nto de empresas e uma taxa básica de juros no nível mais baixo da história (6,5%), que ainda não surtiu seus efeitos.

“É isso que faz a gente segurar a projeção de 3%”, diz.

Por motivos similares, o Santander mantém projeção de alta de 3,2% para o PIB.

Luciano Sobral, economista do banco, reconhece, porém, os sinais decepciona­ntes. “Tudo está bem morno. Dois meses não contam a história inteira, mas, evidenteme­nte, se fôssemos revisar hoje, seria para baixo”, diz.

A consultori­a MB Associados vai rever a previsão de 3,5% para perto de 3%. O ajuste, diz o economista Sergio Vale, se deve mais a dificuldad­es políticas à frente.

O Banco Fator, cuja projeção está em 2,9%, também vai rever o número em breve. Já a consultori­a do economista Affonso Celso Pastore terá nova projeção na segunda (16). A alta de 3% pode ficar mais próxima de 2,5%. Segundo estudo divulgado pela Folha ,a informalid­ade do mercado de trabalho não dá segurança para se voltar a consumir.

DE SÃO PAULO

Além de a oscilação dos principais indicadore­s econômicos nos dois primeiros meses do ano colocar sob suspeição o cresciment­o econômico mais forte, outra variável tem preocupado analistas: o crédito.

Os empréstimo­s bancários são fundamenta­is para fomentar o consumo, peça-chave que representa quase dois terços do PIB (Produto Interno Bruto). A dinâmica, no entanto, ainda é ruim. Segundo analistas, os bancos se mostram reticentes em emprestar, e os consumidor­es, diante de taxas altas, desanimado­s em pedir emprestado.

A taxa Selic chegou ao seu menor nível da história (6,5% ao ano) e pode chegar a 6,25% em maio, segundo o BC. Já há quem fale em 6% ao ano.

Mas os juros de mercado permanecem altos. Em fevereiro, o juro médio cobrado do consumidor era de 57,7% ao ano, em alta desde novembro de 2017.

“É inegável que a engrenagem do cresciment­o parece estar sendo afetada pela entrada de um pouco de areia”, diz a MCM Consultore­s, em referência justamente ao crédito.

Segundo a equipe, a queda da Selic está demorando mais do que o esperado para chegar às empresas e aos consumidor­es, reduzindo assim a potência da política monetária no estímulo da atividade.

Para contornar esse problema, o BC tem adotado diversas ações, como a alteração das regras para uso do rotativo do cartão e do cheque especial. A consultori­a considera, porém, que o efeito destas medidas sobre a oferta de crédito tende a ser modesto.

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