Folha de S.Paulo

Secretário critica ataque ao Cadastro Positivo

- DANIELLE BRANT

Depois de fixar um limite para cobrança de tarifas em transações que usem cartões de débito, o Banco Central avalia estabelece­r uma medida semelhante para os cartões de crédito, como forma de reduzir custos no sistema de pagamento brasileiro, afirmou nesta sexta-feira (13) o presidente da instituiçã­o, Ilan Goldfajn.

Ele não deu mais detalhes sobre qual seria esse teto, mas a medida seria na mesma linha estabeleci­da em março para tarifas de intermedia­ção nos cartões de débito, com vigência a partir de outubro deste ano.

Nas transações com cartão de débito, a taxa média de intercâmbi­o (que o credenciad­or paga ao emissor do cartão) foi estabeleci­da em 0,5% do valor da transação e limitada a 0,8%.

O objetivo é, segundo o presidente do BC, que essa redução seja repassada ao credenciad­or (empresa que credencia os estabeleci­mentos aptos a usar cartões), ao lojista e ao consumidor por meio da concorrênc­ia.

“Obviamente nós vamos continuar avaliando se esse teto está correto, se tem de reduzir mais, vamos avaliar também se precisamos colocar um teto em outros tipos de instrument­o, como o cartão de crédito”, disse. “Tudo isso faz parte da nossa agenda neste ano.”

Em evento do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) em São Paulo, Ilan falou também sobre a regulação de fintechs.

“Não pretendemo­s regular em demasia, apenas regular em momento em que o sistema nos pede para fazer isso, como é com fintechs de crédito”, afirmou.

O tema está sendo debatido em audiência pública. FUNDO GARANTIDOR Sobre as regras de garantia do FGC que passaram a vigorar no fim de dezembro, Ilan afirmou que elas foram importante­s para trazer equilíbrio ao sistema de garantias de depósitos.

“A mudança foi bastante positiva. Foi constatado que alguns participan­tes, mesmo capacitado­s, vinham usando o limite do FGC para realizar investimen­tos sem necessaria­mente avaliar completame­nte o perfil de risco das instituiçõ­es”, afirmou.

Para ele, o novo limite de R$ 1 milhão a cada quatro anos por investidor, com teto mantido em R$ 250 mil por instituiçã­o financeira por pessoa, serviu para incentivar uma avaliação mais cautelosa entre risco e retorno das instituiçõ­es.

Isso permitirá, de acordo com Ilan, que o FGC consiga proteger o investidor hipossufic­iente que não tem meio para avaliar o perfil de risco das instituiçõ­es.

O presidente do BC defendeu ainda continuida­de do Brasil no caminho de ajustes e reformas, em especial nas medidas de ajuste fiscal e a reforma da Previdênci­a para que se possa consolidar a baixa inflação, a queda de taxa de juros reais e a recuperaçã­o sustentáve­l da economia. CHEQUE ESPECIAL Na terça-feira (10), o Conselho de Autorregul­ação da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) anunciou mudanças na cobrança do cheque especial.

Consumidor­es com mais de 15% do cheque especial comprometi­dos por 30 dias consecutiv­os terão acesso a uma linha de crédito mais barata para parcelar o valor e quitar a dívida.

A nova política para o cheque especial vale a partir do dia 1º de julho, segundo o conselho da Febraban. Para Pinho de Mello, oposição é inexplicáv­el

DE SÃO PAULO

A oposição de entidades de defesa dos direitos do consumidor ao projeto de Cadastro Positivo, que promete servir como um grande banco de dados de informaçõe­s de crédito da população, é inexplicáv­el, afirmou nesta sexta-feira (13) João Manoel Pinho de Mello, chefe da assessoria especial de reformas microeconô­micas do Ministério da Fazenda.

“Eu acho inexplicáv­el que entidades de defesa do consumidor sejam contra esse projeto, que é pró-consumidor, principalm­ente dos consumidor­es mais frágeis, mais pobres”, disse, em declaraçõe­s após evento do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) em São Paulo.

Ele afirmou ainda ser incompreen­sível que seja mais fácil compartilh­ar informação de inadimplên­cia do consumidor do que a de bom pagador.

“Eu não consigo entender o conservado­rismo, a quem interessa o conservado­rismo. Não é ao consumidor pessoa física, não é à pequena empresa”, afirmou.

A expectativ­a do governo era que o projeto fosse votado na quarta-feira (11), mas a Câmara dos Deputados prevê colocar em votação na próxima terça-feira (17).

“Eu espero que o projeto passe. O presidente [da Câmara dos Deputados] Rodrigo Maia está empenhado com a agenda positiva, ele é a favor. É uma agenda do governo, está nas 15 medidas que o governo anunciou”, disse.

Para ele, o projeto aumenta a competição no sistema bancário e beneficia o bom consumidor.

“É uma medida estruturan­te que vai reduzir o spread [diferença entre a taxa de captação e o empréstimo dos bancos] de maneira sustentada. A experiênci­a internacio­nal sugere que o spread pode cair 30% em alguns produtos em que o Cadastro Positivo é mais importante”, avaliou. (DB)

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