Saques de FGTS para todos afeta crédito habitacional, diz Caixa
DA REUTERS
A liberação do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para trabalhadores que pedirem demissão teria forte impacto no crédito imobiliário, disse o presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson Antonio de Souza.
“O impacto seria significativo”, disse ele, contando que os cálculos sobre a dimensão dessa medida estão sendo feitos pelo banco, responsável por cerca de 60% do financiamento para a compra da casa própria no país.
Atualmente, só trabalhadores demitidos por seus empregadores podem ter acesso imediato aos recursos do fundo. A proposta de abrir acesso ao dinheiro aos que também se demitirem foi aprovada nesta semana pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado e agora segue para votação na Câmara.
O governo federal é contra a proposta de saque.
O FGTS responde por quase metade dos recursos direcionados para financiar habitação. É a linha mais concorrida no mercado, por ser a mais barata.
O restante tem lastro em depósitos da caderneta de poupança.
Em 2017, o FGTS respondeu por R$ 58 bilhões dos R$ 101 bilhões desembolsados por elas, de acordo com a Abecip, que representa as financiadoras de imóveis.
Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a medida teria um impacto anual de R$ 28 bilhões no FGTS e poderia afetar os recursos para habitação e, em menor medida, projetos de mobilidade urbana e de saneamento básico.
“Esse é um assunto que preocupa não só a Caixa mas todo o setor da construção civil”, disse Souza.
“Então, estamos conversando com o governo e outros interessados para ver como lidar com o assunto.”
A expectativa da Abecip é que o financiamento imobiliário no país voltará a crescer em 2018, após forte queda nos últimos três anos.