Folha de S.Paulo

E especialis­tas”, diz Felizi.

- FERNANDO TADEU MORAES

Com o objetivo de melhorar a percepção pública da ciência no país e aproximar cada vez mais jovens da área, o Instituto Serrapilhe­ira, primeira entidade privada de fomento à pesquisa no Brasil, lança nesta semana seu programa de divulgação científica.

“O Serrapilhe­ira foi, desde o início, concebido para ter dois braços, um de apoio à pesquisa e um de divulgação científica, e, para nós, o segundo é tão importante quanto o primeiro”, diz Hugo Aguilaniu, presidente do instituto.

O programa é composto de três eixos: formar profission­ais de divulgação científica, influencia­r jovens a buscar uma formação científica e melhorar a comunicaçã­o de pesquisado­res nacionais.

O primeiro foi estruturad­o em torno de uma chamada pública que, dividida em duas fases, será lançada nesta segunda-feira (16). Inicialmen­te serão selecionad­os até 50 divulgador­es de ciência —cientistas ou não— para participar de um evento de quatro dias no Museu do Amanhã, no Rio.

Após isso, os participan­tes do evento serão convidados a propor projetos para serem financiado­s. O instituto irá disponibil­izar até R$ 100 mil para cerca de 20 projetos.

“A intenção, ao propor assim a chamada, é mapear o que vem sendo feito no Brasil nessa área, pois, embora alguns divulgador­es sejam bem conhecidos, há milhares de pequenas iniciativa­s espalhadas por universida­des e ONGs de todo o país”, diz Natasha Felizi, diretora de divulgação científica do Serrapilhe­ira. JOVENS Incutir em crianças e adolescent­es o gosto pela ciência é um dos principais objetivos das novas ações do instituto carioca, segundo Hugo Aguilaniu. “Acreditamo­s que se mais jovens brasileiro­s passarem a se preocupar com ciência, isso vai se traduzir em uma sociedade melhor”, diz.

Para atingir a meta, o instituto começará a atuar em duas frentes: treinament­o de professore­s e cursos voltados para os mais jovens, apoiando e estendendo iniciativa­s já em curso na cidade de São Paulo.

O trabalho se dará em parceria com o Instituto canadense Perimeter, que promove os workshops com professore­s de física do ensino básico, e o Instituto de Física Teórica da Unesp, que coordena a ação com os alunos e onde ocorrem ambas as atividades.

Para Felizi, os docentes agem como multiplica­dores de um conhecimen­to que vai chegar diretament­e nos jovens e poderá tanto influenciá-los a escolher uma carreira científica como torná-los interessad­os em assuntos da área.

No último eixo, o de melhorar a comunicaçã­o de pesquisado­res, o Serrapilhe­ira pretende tanto torná-los mais aptos a divulgar suas pesquisas como melhorar a visibilida­de deles e aproximá-los de jornalista­s e público em geral.

A primeira ação nesse sentido será a produção de vídeos com cada um dos 65 cientistas selecionad­os recentemen­te pelo instituto em seu edital de apoio à pesquisa.

“Os pesquisado­res gravarão três vídeos, apresentan­do a si e a sua pesquisa, cada um voltado para um público diferente: crianças, universitá­rios DIVULGAR É PRECISO Aguilaniu acredita que robustecer a divulgação científica no Brasil é de suma importânci­a, pois, por aqui, a percepção geral ou é a do cientista “nerd”, alheio à vida prática, ou nem existe.

“O investimen­to público em ciência nunca será prioridade se a população não souber que isso é necessário para o Brasil crescer e se desenvolve­r”, diz o presidente do Serrapilhe­ira.

Nesse contexto, segundo Aguilaniu, o cientista tem que assumir a responsabi­lidade de divulgar seu trabalho. “Na hora em que os recursos públicos caem, como agora, você vê pesquisado­res na televisão reclamando do baixo investimen­to. Mas sem um trabalho anterior constante de divulgação de todos os avanços trazidos pela ciência, esses apelos não comovem ninguém”, diz.

Essa responsabi­lidade do cientista, contudo, não implica que ele se torne o próprio divulgador. “Não achamos que todo cientista tem de fazer a divulgação do seu trabalho”, diz Natasha Felizi, “mas acreditamo­s que todo cientista precisa se preocupar com a divulgação do seu trabalho.” O que é o instituto? Criado em março de 2017 por João Moreira Salles e sua mulher, Branca Vianna,o Serrapilhe­ira é o primeiro instituto privado de fomento à ciência no Brasil Patrimônio inicial O instituto é constituíd­o por um fundo patrimonia­l de R$ 350 milhões, cujos lucros são utilizados para financiar pesquisas científica­s O programa de divulgação científica do instituto será dividido em três braços:

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