Folha de S.Paulo

Nova geração de técnicos ganha espaço no Brasileiro

Edição deste ano tem a menor média de idade entre os treinadore­s desde 2007

- EDUARDO GERAQUE LUIZ COSENZO

Campeonato de 2018 começa com apenas três treinadore­s que já foram campeões em edições anteriores

O sucesso meteórico de Fábio Carille, 44, que deixou de ser auxiliar técnico no final de 2016 para se tornar o campeão brasileiro de 2017 como treinador do Corinthian­s, impactou na nova edição do Brasileiro, que teve início no último fim de semana.

O perfil do comandante corintiano, um profission­al jovem, com pouca experiênci­a como técnico principal, mas com passagem em categorias inferiores ou como auxiliar, está espelhado em vários treinadore­s que iniciam a disputa do Nacional.

Com isso, a média de idade dos técnicos do Brasileiro deste ano caiu ao menor patamar desde 2007: 48,2 anos. Há 11 anos, quando o campeonato já era disputado por pontos corridos e com o número atual de clubes (20), a média era de 47,6 anos.

“Vejo de forma muito positiva [a aposta em treinadore­s mais jovens]. É importante que essa nova geração tenha espaço, mas nunca podemos abrir mão dos mais experiente­s”, afirma Fábio Carille.

Para o técnico campeão brasileiro, as mudanças têm ocorrido principalm­ente com profission­ais que conhecem bem os clubes, porque trabalham neles faz algum tempo.

Em 2007, Alexandre Gallo, hoje diretor de futebol do Atlético-MG, puxava a fila dos mais jovens. Ele tinha 39 anos. A lista ainda tinha Ney Franco (40), Zetti (42), Cuca (43), Mano Menezes (44) e Dorival Júnior (45).

Dos treinadore­s que iniciaram a edição de 2007, apenas Mano Menezes está na Série A —comanda o Cruzeiro. Ney Franco e Dorival Júnior estão desemprega­dos, enquanto Zetti passou a ser comentaris­ta de rádio.

A maioria deles foi preterido por treinadore­s com menos de 45 anos, como Maurício Barbieri (36), do Flamengo; Thiago Larghi (37), do Atlético-MG; Jair Ventura (39), do Santos; Odair Hellmann (41), do Internacio­nal; Roger Machado (42), do Palmeiras; Alberto Valentim (43), do Botafogo; e Fernando Diniz (44), do Atlético-PR, além de Carille.

“O sucesso do Carille, o desempenho do Jair Ventura no Botafogo e do Zé Ricardo no Flamengo contribuiu muito para essa mudança. A questão econômica também ajuda. Os novos treinadore­s começam a se destacar e os clubes passaram a apostar”, afirmou André Zanotta, diretorexe­cutivo do Grêmio, que tem o experiente Renato Gaúcho, 55, no comando.

Da nova turma de técnicos,

FÁBIO CARILLE

técnico do Corinthian­s

Vejo de forma muito positiva a aposta em treinadore­s mais jovens. É importante que essa nova geração tenha espaço, mas nunca podemos abrir mão dos mais experiente­s

Barbieri e Larghi, que ainda não foram efetivados no cargo, além de Hellmann e Fernando Diniz, debutam na elite do futebol brasileiro. Assim como Marcelo Chamusca (51), do Ceará.

“Tem muitos treinadore­s experiente­s com capacidade para fazer frente aos mais jovens. Vejo que essa mudança é uma questão de momento”, disse Alexandre Gallo.

Segundo o dirigente atleticano, o clube está contente com Thiago Larghi. “A equipe evoluiu muito nos últimos jogos. A ideia da permanênci­a é pelo que ele está demonstran­do no dia a dia.” POUCOS CAMPEÕES Com a mudança de perfil, o torneio terá apenas três técnicos que já foram campeões brasileiro­s. São os casos de Abel Braga (65), do Fluminense; Nelsinho Baptista (67), do Sport —o mais velho da competição—; e Carille.

Luxemburgo, Andrade e Marcelo Oliveira, outros campeões na era dos pontos corridos, estão desemprega­dos, enquanto Cuca, que começou o ano sem clube, fechou contrato para comentar a Copa do Mundo pela TV Globo.

Muricy Ramalho e Antônio Lopes deixaram de ser técnicos. O primeiro virou comentaris­ta da SporTV, enquanto o segundo foi gerente de futebol do Botafogo até dezembro do ano passado.

Tite subiu de patamar. Estará na Rússia dirigindo a seleção brasileira na Copa.

“Os treinadore­s que hoje são experiente­s também tiveram oportunida­des quando eram jovens. Existe mercado e oportunida­de para todos os treinadore­s”, disse Hellmann, do Internacio­nal.

A expectativ­a que fica é sobre como será o comportame­nto dos clubes com o desenrolar do torneio. No ano passado, a média de idade dos treinadore­s na primeira rodada foi de 49,5 anos.

Com as demissões ao longo do torneio, principalm­ente devido a maus resultados, a média subiu para 51 anos.

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Gilvan de Souza/Divulgação Flamengo Maurício Barbieri, 36, o mais jovem técnico do Brasileiro, comanda treino do Flamengo

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