Folha de S.Paulo

Estúdio se dedica a fazer filmes com causa

Para executivo, incluir questões relevantes em produções de cunho comercial é ‘esconder o espinafre na pipoca’

- PATRICIA PAMPLONA

Participan­t Media, que assina ‘Extraodiná­rio’ e ‘Spotlight’, faz parceria com distribuid­ora e produtora no Brasil

Em Hollywood, além de glamour e escândalos, causas sociais também têm espaço nas grandes produções — um negócio que tem atuado como guerrilhei­ro social.

“Nos grandes filmes, gostamos de falar que é ‘esconder o espinafre na pipoca’. Precisa colocar o problema social em um pacote comercial”, diz Gabriel Brakin, vice-presidente executivo da Participan­t Media.

Há 14 anos, o estúdio tem realizado filmes com propósito, sem deixar de lado a obtenção de lucro.

Os cerca de 80 filmes do estúdio na Califórnia —entre os mais recentes estão “Extraordin­ário”, com Julia Roberts, e “Spotlight: Segredos Revelados”, com Michael Keaton— já renderam, além de boas críticas, 12 Oscars.

Brakin avalia que o impacto dos filmes é singular: “O principal é poder contar histórias e sua habilidade de inspirar. [Longas] podem mudar atitudes de maneira única”.

Para o executivo, a qualidade dessas narrativas é o que determina seu sucesso.

“Nosso foco é contar a melhor história que podemos, que seja um conteúdo que os espectador­es vão querer pagar para ver. Precisa ser bom, é o ponto inicial.”

O estúdio participa da criação e financia a produção. Após o lançamento, entram em cena organizaçõ­es sociais que, para ele, são os verdadeiro­s agentes da mudança.

São oportunida­des criadas para, por exemplo, tornar cidades americanas mais amáveis a partir de ações com “Extraordin­ário”, longa que trata de inclusão social. Ou de dar mais visibilida­de às causas LGBT, com o ganhador do Oscar de melhor filme estrangeir­o em 2018, “Uma Mulher Fantástica” (Chile).

Estrela do filme, Daniela Vega foi a primeira transgêner­o a apresentar uma categoria na cerimônia. Após a premiação, os produtores se encontrara­m com o presidente chileno para usar a peça como catalisado­ra para leis de direitos transgêner­os.

O interesse do público pelos filmes se traduz em US$ 2 bilhões (R$ 6,82 bilhões) arrecadado­s nas bilheteria­s.

“Criando uma empresa sustentáve­l [financeira­mente], vamos provar que contar essas histórias é bom negócio.” EXPANSÃO Após o sucesso nos EUA, o estúdio escolheu o Brasil para começar sua internacio­nalização. “Queremos amplificar o impacto do conteúdo de maneira internacio­nal. E o Brasil é um bom lugar para começar”, disse Brakin.

A Participan­t Media se aliou à distribuid­ora Flow e à produtora Maria Farinha Filmes, que realizam produções de impacto no país, como os longas “Muito Além do Peso” e “O Começo da Vida”.

“Estamos sempre pensando em como utilizar filmes inspirador­es como ferramenta­s para transforma­ção social”, explica Luana Lobo, sócia da produtora brasileira.

“Muitas vezes, esse tipo de filme não chega ao Brasil. Começamos a fazer uma seleção para trazer essas histórias diversas e globais.”

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