Folha de S.Paulo

Cresce repressão a jornalista­s cubanos

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DE SÃO PAULO

Em meio à instabilid­ade política provocada pela mudança de governo em Cuba e após anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de que criaria um “grupo operaciona­l” para apoiar o acesso dos cubanos à internet, houve um aumento da repressão aos jornalista­s na ilha.

A conclusão está em relatório da Sociedade Interameri­cana de Imprensa (SIP) publicado neste fim de semana.

“Os ataques já não são contra os jornalista­s e sua integridad­e física, mas também suas casas são revistadas e eles são proibidos de sair de suas cidades e, em algumas ocasiões, do país simplesmen­te por exercerem o jornalismo”, diz o relatório.

Outros problemas citados são ameaças de represália­s contra familiares de profission­ais e jornalista­s detidos ou chamados para prestar depoimento. “Todas essas agressões se dão em um clima de total falta de defesa jurídica e de um Estado que governa tudo”, diz a SIP.

O custo da internet é outra questão —um salário médio mensal consegue pagar por apenas 30 horas de conexão. O serviço de telecomuni­cações é monopólio estatal.

Segundo o relatório, a espionagem de emails e a clonagem de perfis em redes sociais são “moeda corrente” no país, e sites jornalísti­cos e de organismos de direitos humanos são bloqueados.

A Venezuela é outro exemplo de deterioraç­ão da liberdade de imprensa, com aumento de violações sistemátic­as contra jornalista­s e meios de comunicaçã­o.

A estatal Corporação Alfredo Maneiro, que tem monopólio da venda e da distribuiç­ão do papel de jornal, é utilizada “como arma de discrimina­ção para castigar a imprensa”. Nove jornais deixaram de ser publicados nos últimos seis meses.

Três TVs e 46 rádios também fecharam, “como produto da crise econômica, da falta de publicidad­e e da asfixia governamen­tal contra meios críticos e independen­tes”.

Segundo dados do Instituto de Imprensa e Sociedade da Venezuela, entre agosto de 2013 e fevereiro de 2018 35 diários deixaram de circular. Destes, 18 fecharam definitiva­mente e 16 suspendera­m suas edições em papel.

O Sindicato Nacional de Trabalhado­res da Imprensa documentou 498 agressões e 66 detenções de jornalista­s em 2017. Muita dessa violência fica impune.

“Os uniformiza­dos [policiais, militares e milícias] ameaçam, insultam, amedrontam, espancam, roubam e detêm jornalista­s sob quaisquer circunstân­cias. São obrigados a apagar fotos, vídeos e áudios, e têm seus celulares, câmeras e gravadores roubados”, diz o relatório.

O Brasil é criticado pela impunidade em relação aos assassinat­os de Jefferson Pureza Lopes, radialista de Goiás, e Ueliton Bayer Brizon, editor de um jornal de Rondônia.

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Imprensa Presidenci­al/AVN/Xinhua Evo Morales, da Bolívia (esq.), e Nicolás Maduro, da Venezuela, se reúnem em Caracas

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