Folha de S.Paulo

Barbosa, ao centro

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BRASÍLIA - Em seu lento processo de aproximaçã­o com o PSB, Joaquim Barbosa traçou, em linhas gerais, uma visão sobre economia que deve nortear sua possível candidatur­a presidenci­al. As ideias expostas pelo ex-ministro a dirigentes da sigla apontam para o centro do espectro ideológico: mesclam bandeiras liberais da direita e plataforma­s de proteção social da esquerda.

Barbosa se apresentou a integrante­s de seu novo partido como um defensor de reformas estruturai­s, de privatizaç­ões e da livre concorrênc­ia. Ponderou, ainda, que o governo deve trabalhar pela redução de desigualda­des e pela preservaçã­o de garantias fundamenta­is dos cidadãos.

Quatro políticos que estiveram com o ex-ministro afirmaram que Barbosa se posicionou claramente a favor da venda de estatais à iniciativa privada, mas sem tocar nas joias da coroa, como a Petrobras.

Também argumentou, segundo esses relatos, que o Estado ajuda a gerar emprego e renda se seu peso for reduzido —caminho em que se inclui a reforma da Previdênci­a. O exministro diz reconhecer a necessidad­e de mudança nas aposentado­rias, mas com regras mais moderadas do que as propostas por Michel Temer.

O grupo do PSB conta que Barbosa concorda com programas de acesso a universida­des e de transferên­cia de renda e faz críticas enfáticas a políticas de subsídio estatal, que considera puro patrimonia­lismo. Um parlamenta­r classifico­u a mistura como uma “visão moderna” da economia.

Há pouco tempo, Barbosa dizia não cogitar uma disputa presidenci­al porque seu “jeitão” ríspido faria com que fosse massacrado. Só mudou de ideia a seis meses da eleição, ainda sem equipe e sem uma plataforma.

A julgar pelas descrições, o ex-ministro tenta agradar tanto aos socialista­s do PSB quanto aos fiscalista­s do mercado. Ele precisa detalhar seu programa se quiser convencer qualquer um dos lados —e sobressair em uma campanha com excesso de candidatos com rótulo centrista.

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