Folha de S.Paulo

Acampament­o, caso Lula continue preso no local.

- Colaborou JOÃO PEDRO PITOMBO, de Salvador

Onze senadores fizeram, na tarde desta terça (17), uma diligência nas instalaçõe­s onde o ex-presidente Lula está preso na Superinten­dência da Polícia Federal, em Curitiba (PR). O senador João Capiberibe (PSB-AP), em entrevista à imprensa, disse que a diligência foi também uma visita política. “Não deixa de ser uma visita política porque se trata de um preso político.”

Capiberibe afirmou que Lula está bem, mas indignado com “as distorções que chegam para a população”. Segundo ele, o ex-presidente está preocupado com a instabilid­ade que o país atravessa e com o funcioname­nto das instituiçõ­es. O senador disse que as instalaçõe­s são razoáveis e que a grande preocupaçã­o da comissão é com o isolamento do ex-presidente.

“É um homem interativo que passava os dias conversand­o e hoje está muito isolado. O advogado está sempre presente, mas precisa ter diálogo com mais pessoas.”

A diligência, que durou cerca de duas horas, foi apro- vada pela Comissão de Direitos Humanos do Senado.

Participar­am os petistas Humberto Costa (PE), José Pimentel (CE), Fátima Bezerra (RN), Paulo Paim (RS), Paulo Rocha (PA), Regina Sousa (PI), Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR), além de Capiberibe, Lídice da Mata (PSB-BA) e Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).

Gleisi disse que os parlamenta­res ficaram emocionado­s com a visita. Grazziotin afirmou, porém, que Lula não deixou que ninguém chorasse e disse que, nas suas instalaçõe­s,nãoestavam­uitodifere­nte de como sempre viveu. Lindbergh relatou que o ex-presidente afirmou não estar preocupado consigo mesmo, mas com o povo e a democracia.

A petista Regina Sousa afirmou que o “bom dia” entoado pelos manifestan­tes próximos à PF é essencial. “Vocês não sabem o bem que faz para ele. Se a polícia vier tirar vocês daqui, vocês fingem que saem, mas voltem.” Segundo ela, os parlamenta­res visitaram outros presos na carceragem e todos disseram que são tratados com respeito.

A organizaçã­o do acampament­o pró-Lula alugou um terreno a 1 km da sede da PF para o pernoite e a alimentaçã­o dos manifestan­tes. A militância diz que continuará realizando os atos políticos no entorno da polícia.

As tendas e as barracas já estão sendo transferid­as para o novo terreno, alugado, por enquanto, pelo período de um mês. A organizaçã­o ainda avalia outros lugares para dar continuida­de ao INVASÃO Nesta terça, o MST (Movimento dos Trabalhado­res Rurais Sem-Terra) invadiu uma fazenda do empresário Oscar Maroni, dono do Bahamas Hotel Club, em Araçatuba (SP). Segundo os organizado­res, cerca de 300 militantes participam da manifestaç­ão e pregam “reforma agrária nas terras dos golpistas”. No início do mês, Maroni distribuiu 9.000 latas de cerveja em frente à sua boate em comemoraçã­o ao decreto de prisão de Lula.

Também nesta terça, cerca de 250 militantes invadiram a sede da TV Bahia, afiliada da Globo no estado. Entraram na área do estacionam­ento e não houve depredaçõe­s.

Em nota, a Globo afirmou que “entende que protestar é um direito do cidadão, sempre que dentro da legalidade. A empresa considera que toda intimidaçã­o ao trabalho da imprensa é uma tentativa de censura e uma afronta aos princípios constituci­onais. E aproveita para reiterar que cobre os fatos com isenção e profission­alismo e que assim continuará a fazer o seu trabalho”.

Também houve protesto em São Paulo, onde cerca de 300 manifestan­tes fizeram ato em frente à sede da TV Globo, sem incidentes.

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Rodolfo Buhrer/Reuters Senadores deixam prédio da Polícia Federal em Curitiba após visitar ex-presidente Lula

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