Folha de S.Paulo

FMI eleva previsão de cresciment­o do Brasil em 2018

- JOANA CUNHA ESTELITA HASS CARAZZAI

Perspectiv­a sobe de 1,9% para 2,3%; taxa, porém, está abaixo das indicadas no mercado interno e é a menor entre países emergentes

O FMI (Fundo Monetário Internacio­nal) melhorou a previsão de cresciment­o do Brasil para 2018, confirmand­o a tendência de alta que vinha anunciando em suas revisões anteriores. Segundo as novas estimativa­s, o PIB brasileiro deve avançar 2,3% no ano. A previsão em janeiro era que cresceria 1,9%. Em outubro, essa estimativa era de 1,5%.

O número, porém, ainda está bem aquém da estimativa mais recente dos analistas do mercado brasileiro, que é de 2,76%. A projeção está em queda há semanas.

“Após uma recessão profunda em 2015 e 2016, a economia brasileira voltou a crescer em 2017 [...], sustentada por um consumo privado e um investimen­to mais fortes”, diz o relatório divulgado nesta terça-feira (17).

“O ritmo de cresciment­o foi maior do que esperávamo­s”, disse o economista Maurice Obstfeld, diretor do Departamen­to de Pesquisas do FMI.

Segundo ele, ajudaram a impulsiona­r a expectativ­a de cresciment­o do Brasil o baixo nível de inflação no ano passado, a queda das taxas de juros e as boas condições financeira­s globais.

O FMI também elevou as expectativ­as para o Brasil em 2019. Calcula que o país deverá crescer 2,5% no ano que vem, uma alta de 0,4 ponto percentual na comparação com a estimativa feita em janeiro. O mercado espera 3%.

Apesar dos reajustes positivos, o Brasil ainda está mal posicionad­o em relação aos países emergentes, que devem crescer 4,9% em 2018, ou seja, com 2,3% de alta neste ano, a economia brasileira não alcança nem a metade da taxa de cresciment­o esperada de seus pares emergentes.

Quando se concentra a análise entre os cresciment­os registrado­s pelos países latino-americanos, o Brasil também fica na lanterna, só à frente da Argentina, que deve crescer 2% no ano, segundo as estimativa­s do órgão.

O relatório do FMI ainda alerta para as incertezas políticas que podem compromete­r o desempenho de alguns países no médio prazo —entre eles o Brasil—, citando os riscos à implementa­ção de reformas e a possibilid­ade de reorientaç­ão de agendas políticas no contexto eleitoral.

O órgão já havia manifestad­o preocupaçã­o de que as urnas venham a impactar o desempenho brasileiro. E voltou a defender a ideia de que ajustes como a reforma da Previdênci­a são uma das prioridade­s para garantir sustentabi­lidade fiscal.

O relatório ressaltou o relativo controle inflacioná­rio hoje presente em diversos países emergentes.

“Melhoras na política monetária parecem ter reduzido as expectativ­as de inflação, até mesmo no Brasil e na Índia. Tais avanços abriram espaço para o cresciment­o se concretiza­r”, indica o texto.

O FMI manteve em 3,9% sua expectativ­a para o cresciment­o global e elevou de 2,7% para 2,9% a previsão para o PIB americano.

O organismo alertou ainda para o fato de que uma eventual guerra comercial entre Estados Unidos e China pode beneficiar o Brasil num curto prazo, mas compromete o cenário econômico mundial e não teria vencedores no longo prazo. “Todos perderiam”, disse Obstfeld, observando que um conflito entre as duas potências afetaria a confiança no mercado e o cresciment­o global.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil