FMI eleva previsão de crescimento do Brasil em 2018
Perspectiva sobe de 1,9% para 2,3%; taxa, porém, está abaixo das indicadas no mercado interno e é a menor entre países emergentes
O FMI (Fundo Monetário Internacional) melhorou a previsão de crescimento do Brasil para 2018, confirmando a tendência de alta que vinha anunciando em suas revisões anteriores. Segundo as novas estimativas, o PIB brasileiro deve avançar 2,3% no ano. A previsão em janeiro era que cresceria 1,9%. Em outubro, essa estimativa era de 1,5%.
O número, porém, ainda está bem aquém da estimativa mais recente dos analistas do mercado brasileiro, que é de 2,76%. A projeção está em queda há semanas.
“Após uma recessão profunda em 2015 e 2016, a economia brasileira voltou a crescer em 2017 [...], sustentada por um consumo privado e um investimento mais fortes”, diz o relatório divulgado nesta terça-feira (17).
“O ritmo de crescimento foi maior do que esperávamos”, disse o economista Maurice Obstfeld, diretor do Departamento de Pesquisas do FMI.
Segundo ele, ajudaram a impulsionar a expectativa de crescimento do Brasil o baixo nível de inflação no ano passado, a queda das taxas de juros e as boas condições financeiras globais.
O FMI também elevou as expectativas para o Brasil em 2019. Calcula que o país deverá crescer 2,5% no ano que vem, uma alta de 0,4 ponto percentual na comparação com a estimativa feita em janeiro. O mercado espera 3%.
Apesar dos reajustes positivos, o Brasil ainda está mal posicionado em relação aos países emergentes, que devem crescer 4,9% em 2018, ou seja, com 2,3% de alta neste ano, a economia brasileira não alcança nem a metade da taxa de crescimento esperada de seus pares emergentes.
Quando se concentra a análise entre os crescimentos registrados pelos países latino-americanos, o Brasil também fica na lanterna, só à frente da Argentina, que deve crescer 2% no ano, segundo as estimativas do órgão.
O relatório do FMI ainda alerta para as incertezas políticas que podem comprometer o desempenho de alguns países no médio prazo —entre eles o Brasil—, citando os riscos à implementação de reformas e a possibilidade de reorientação de agendas políticas no contexto eleitoral.
O órgão já havia manifestado preocupação de que as urnas venham a impactar o desempenho brasileiro. E voltou a defender a ideia de que ajustes como a reforma da Previdência são uma das prioridades para garantir sustentabilidade fiscal.
O relatório ressaltou o relativo controle inflacionário hoje presente em diversos países emergentes.
“Melhoras na política monetária parecem ter reduzido as expectativas de inflação, até mesmo no Brasil e na Índia. Tais avanços abriram espaço para o crescimento se concretizar”, indica o texto.
O FMI manteve em 3,9% sua expectativa para o crescimento global e elevou de 2,7% para 2,9% a previsão para o PIB americano.
O organismo alertou ainda para o fato de que uma eventual guerra comercial entre Estados Unidos e China pode beneficiar o Brasil num curto prazo, mas compromete o cenário econômico mundial e não teria vencedores no longo prazo. “Todos perderiam”, disse Obstfeld, observando que um conflito entre as duas potências afetaria a confiança no mercado e o crescimento global.