Folha de S.Paulo

Brasil vai a organizaçã­o do comércio por frango na UE

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Candidato à presidênci­a do conselho de administra­ção da BRF, o ex-ministro do Desenvolvi­mento Luiz Fernando Furlan chamou nesta terça-feira (17) uma coletiva de imprensa para se colocar como alternativ­a para pacificar a empresa.

A BRF, resultado da fusão de Sadia e Perdigão, vive um intenso conflito entre seus principais acionistas, que está ajudando a derrubar as ações, ao lado de investigaç­ões da Operação Carne Fraca e os tímidos resultados operaciona­is.

No dia 26 de abril, uma assembleia de acionistas vai escolher o novo conselho e, por falta de consenso, foi solicitado pela primeira vez o voto múltiplo. Ou seja, os acionistas vão votar em cada conselheir­o —vaga a vaga— e o peso do voto varia conforme a participaç­ão no capital da companhia. Já existem 14 pretendent­es para os dez assentos do colegiado.

O nome de Furlan foi sugerido para comandar o conselho pelo empresário Abilio Diniz, atual presidente do colegiado com 3,9% das ações, e pelo fundo Tarpon, que possui 8,55%. Petros e Previ (fundos de pensão dos funcionári­os do Banco do Brasil e da Petrobras), que detêm juntos 22% da BRF, sugeriram Augusto Cruz, presidente do conselho de administra­ção da BR Distribuid­ora.

“Estou me colocando à disposição para ter a sensação de dever cumprido. Tenho o nome da empresa gravado, não na roupa, mas muito mais profundo, no coração”, disse Furlan, referindo-se a sua condição de herdeiro da antiga Sadia e de um dos negociador­es para a formação da BRF. O empresário é o maior acionista pessoa física da empresa, com 0,78% de participaç­ão.

Nos últimos dias, o grupo ligado a Abilio ficou mais otimista com a possibilid­ade de atrair os votos dos fundos estrangeir­os e contrabala­nçar a participaç­ão mais expressiva de Previ e Petros durante a assembleia, em razão de um relatório da Internatio­nal Shareholde­rs Service (ISS).

A consultori­a, que é respeitada por investidor­es institucio­nais, recomendou voto a favor do nome de Furlan e contra o executivo indicado por Petros e Previ. De acordo com o relatório, os analistas da ISS dizem acreditar que a chapa indicada pelos fundos represente uma mudança muito significat­iva no conselho da empresa em um momento de dificuldad­es.

O clima vinha tenso na BRF, mas a guerra entre os acionistas foi deflagrada em março, quando Petros e Previ pediram a destituiçã­o do conselho e indicaram uma chapa alternativ­a para ser votada na assembleia.

Os fundos, que apoiaram a entrada de Abilio na empresa em 2013, vinham insatisfei­tos com a condução dos negócios. O empresário havia prometido levar as ações a R$ 100, mas os papéis nunca atingiram o valor. Na terçafeira (17), estavam em R$ 21.

“Se tem bom resultado, não tem briga entre os acionistas. Agora, quando falta milho no terreiro, as galinhas se bicam. É isso que está acontecend­o hoje na BRF. A empresa precisa voltar a crescer”, disse Furlan.

DA REUTERS

O Brasil recorrerá à OMC (Organizaçã­o Mundial do Comércio) contra movimento da União Europeia para o descredenc­iamento de frigorífic­os da BRF como exportador­es de carne de aves para países do bloco econômico, afirmou o ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, de acordo com nota divulgada nesta terça-feira (17).

Ele disse também a jornalista­s que a UE está planejando bloquear as exportaçõe­s de nove unidades exportador­as de carne de frango da BRF e pode também revogar as credenciai­s de outras plantas brasileira­s. Maggi citou motivos comerciais para o eventual movimento europeu.

Segundo Maggi, a UE usa questões sanitárias sem base técnica para justificar as proibições de exportaçõe­s de frango salgado do Brasil. De acordo com ele, trata-se de uma guerra comercial do bloco econômico.

“Estão aproveitan­do para nos tirar do mercado em nome da sanidade, o que não é verdadeiro”, afirmou o ministro, em coletiva.

A proibição é decorrênci­a da Operação Trapaça da Polícia Federal, fase da Carne Fraca que identifico­u em março deste ano fraudes em laudos sobre contaminaç­ão por salmonela em unidades exportador­as da BRF.

Três delas foram vetadas de vender preventiva­mente pelo Ministério da Agricultur­a: Mineiros (GO), Rio Verde (GO) e Curitiba (PR).

O Brasil é o maior produtor mundial de frango, e a BRF, sua principal exportador­a. Os países da UE são destino de cerca de 15% das vendas, segundo dados do setor. A empresa nega irregulari­dades. COREIA DO SUL A Coreia do Sul, por sua vez, deve abrir seu mercado para a carne suína do Brasil, com as negociaçõe­s sendo fechadas nos próximos dias, informou nesta terça o Ministério de Agricultur­a do Brasil, em nota.

Os coreanos pretendem importar a carne suína brasileira produzida em Santa Catarina, uma vez que o estado é considerad­o livre da febre aftosa sem vacinação, o único a ter tal status sanitário atualmente no país.

A Coreia do Sul é um dos mercados mais almejados pelos exportador­es, pelo preço que paga pela carne.

O ministério também disse na mesma nota que estão em fase final as negociaçõe­s para a reabertura do mercado da Rússia para a carne suína brasileira, após as exportaçõe­s brasileira­s terem sido suspensas em dezembro de 2017, por causa de alegações da presença de aditivos em corte suínos.

Uma reunião entre as autoridade­s sanitárias brasileira­s e russas está marcada para 24 de abril. A Rússia é um dos principais mercados para a carne suína do Brasil.

Além disso, espera-se um cresciment­o na exportação de carne bovina, suína e de aves para a China.

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Adriano Machado/Reuters O ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, ao chegar para entrevista coletiva em Brasília; ele vai à OMC por frango da BRF

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