Folha de S.Paulo

Resistênci­a interna e de órgãos da sociedade civil, França decidiu estudá-la melhor.

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instituiçã­o e diz que Chahin saiu do cargo por decisão própria, para se aposentar. “Não posso ter feito interferên­cia política porque nem deu tempo ainda”, disse França.

Nos últimos dias, ele chegou a cogitar uma mudança drástica na organizaçã­o das polícias paulistas, com maior separação entre Militar e Civil. A primeira continuari­a atrelada à pasta da Segurança Pública, enquanto a segunda iria para a da Justiça.

A ideia era defendida por entidades de delegados. Após CÚPULA Procurado, o ex-delegadoge­ral não comentou a carta.

Chahin se tornou delegadoge­ral em 2015 a convite do então secretário da Segurança, Alexandre de Moraes, e permaneceu na gestão do atual, Mágino Alves Barbosa Filho.

A saída dele por enquanto é a única mudança na cúpula da Segurança na nova gestão Márcio França —permanecem nos cargos tanto Mágino quanto o comandante da PM, Nivaldo Restivo, e o superinten­dente da Polícia Científica, Ivan Miziara.

Pessoas ligadas ao ex-delegado-geral dizem que, como vice, França teria tentado indicar policiais para cargos.

O atual governador negou à Folha essa informação. Ele disse que jamais fez qualquer indicação de cargo na Polícia Civil na sua histórica política e que nunca teve contato com o então delegado-geral.

“Eu nunca nem falei com ele [Chahin]. Ele pediu demissão antes de eu assumir”, disse. “Se tive contato com ele, foi uma vez em Santos, que ele é meu vizinho de frente. Ele tem uma casa enorme lá, com piscina”, completou.

“Aliás, eu tenho uma tradição histórica, desde que eu fui deputado, prefeito, nunca me meti com um delegado, nunca indiquei nenhum delegado, nunca indiquei nenhum policial civil”, disse França.

Ele afirmou, ainda, que desconhece os motivos que levaram o delegado-geral a pedir demissão. “O que o Mágino me disse é que ele queria se aposentar por motivos particular­es, porque parece que é um moço muito bem de vida. Mexe com coisas privadas.”

O novo governador disse que São Paulo tem uma tradição “de as polícias tocarem as polícias”, com autonomia, e que isso vai continuar. “Da minha parte, está garantida a absoluta isenção”, afirmou.

Isso não significa, segundo França, desprezar sugestões políticas. “Neste momento, tem delegado que é deputado. Não tem motivo para que a pessoa não seja ouvida, né? Ou seja, de algum jeito, sempre vai haver pessoas pedindo coisas. Agora, não tem que ser regra. Mas também não tem que ser excluído. As pessoas que são eleitas não são marginais. São eleitas, tem que ter respeito por elas.”

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