Rede de SP registra 3 casos de bullying a cada dia de aula
Levantamento aponta alta de 17% dos registros em escolas estaduais; pasta cita iniciativas contra problema
Os casos de bullying subiram 17% no último ano nas escolas estaduais de São Paulo, segundo levantamento da Secretaria da Educação, da gestão Márcio França (PSB).
No ano passado, houve 564 registros, contra 484 em 2016. Os números apontam que, em 2017, foram quase três casos por dia letivo na rede estadual —por exigência legal, há 200 dias de aula por ano.
Os registros de bullying são feitos por meio do ROE (Registro de Ocorrências Escolares), espécie de boletim de ocorrência escolar. As ocorrências são notificadas quando um aluno que sofre humilhações constantes pede ajuda para a direção.
O estado não comentou as hipóteses para aumento de casos. A Secretaria da Educação diz que a rede conta com a figura do professor-mediador, especialista na solução de conflitos e no trabalho de ações socioeducativas.
Segundo a pasta, até 2017, mais de 52 mil profissionais passaram por formações ligadas ao tema e, numa parceria com a OAB-SP, foi lançada uma cartilha em 2016.
A secretaria afirma manter várias iniciativas para tentar reduzir casos de bullying.
Uma delas é uma peça teatral montada pela Escola Estadual Jornalista David Nasser, no Capão Redondo (zona sul). Ela tem a participação de 25 alunos do ensino médio, coordenados pelo professor de matemática e mediador de conflitos Victor Morais Filho, 46, e pelo ex-aluno e voluntário Washington Wendel, 20.
A peça conta a história de uma estudante que sofre bullying por ter seu cabelo vermelho e vestir roupas diferentes. No final, comete suicídio na frente de colegas.
“Resolvemos colocar esse desfecho trágico para chamar mais a atenção de todos”, afirmou Filho, que relata queda de 40% nos casos de bullying na escola em três anos.
Já foram realizadas cerca de 150 encenações, incluindo também outros colégios e igrejas da região.