Genética da cor dos cabelos é desvendada
Cientistas identificam genes que podem ajudar a explicar diferenças e até a fazer ‘retratos falados genômicos’
Com DNA é possível prever se a pessoa tem cabelo preto ou ruivo, mas é mais difícil dizer se é loiro ou castanho FOLHA
As bases genéticas da variada paleta de cores dos cabelos humanos acabam de ficar menos misteriosas. Uma equipe internacional de cientistas identificou uma centena de regiões do DNA da nossa espécie que ajudam a explicar as diferenças entre madeixas louras, negras, castanhas e ruivas em populações de origem europeia.
Os genes flagrados pelo estudo ainda não explicam totalmente as origens biológicas da cor dos cabelos, mas alguns deles já poderiam até ser usados para produzir “retratos falados genômicos”.
Com base nos novos dados de DNA, os pesquisadores conseguem prever que uma pessoa tem cabeleira negra ou ruiva com um grau de precisão entre 90% e 85%.
É mais difícil dizer que determinado indivíduo teria cabelos louros ou castanhos só com base nos genes já identificados, por outro lado. Nesses casos, o grau de precisão fica entre 79% e 74% (louros) ou entre 76% e 64% (cabelos castanhos).
“Isso parece ter ligação com o fato de que algumas pessoas que são louras na infância ficam com o cabelo castanho conforme crescem”, contou à Folha um dos coordenadores do estudo, Manfred Kayser, professor de biologia molecular forense do Centro Médico da Universidade Erasmus, na Holanda.
“Com base no DNA, conseguimos prever corretamente que algumas dessas pessoas de fato terão cabelo castanho quando adultas, mas outras, a partir dos dados genéticos, em tese deveriam ser louras, embora também tenham cabelo castanho. Ainda precisamos entender as bases biológicas desse processo”, diz. MINERANDO DADOS Na nova pesquisa, Kayser e seus colegas analisaram informações sobre o DNA de quase 300 mil pessoas, vindas de dois grandes bancos de dados: o da empresa californiana 23andMe, que oferece testes genéticos diretamente para consumidores que querem saber mais sobre sua ancestralidade e possíveis riscos à saúde ligados ao DNA; e o UK Biobank, criado por órgãos de pesquisa britânicos com o objetivo de estudar a interação entre fatores genéticos e ambientais no surgimento de doenças.
A vantagem desses dois bancos de dados é que as pessoas que forneceram seu material genético também assinalaram qual era a cor do seu EUMELANINA São os pigmentos mais escuros do organismo, existentes em duas formas, a ea FEOMELANINA Pigmento que costuma produzir colorações FONTE DE DADOS As conclusões foram tiradas a partir da análise de DNA de quase 300 mil pessoas permitia supor que eles tivessem algo a ver com a variação da cor de cabelo em humanos”, diz Kayser.
Outro dado curioso, que pode confirmar o que pesquisas anteriores já estavam apontando, é que as mulheres têm uma tendência maior a possuir cabelos claros do que os homens. Ainda não se sabe ao certo como e por que isso acontece.