Folha de S.Paulo

Predominân­cia de feomelanin­a:

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cabelos ruivos cabelo. Com isso, os pesquisado­res conseguira­m “caçar” correlaçõe­s entre as caracterís­ticas capilares visíveis das pessoas e uma gama de variações genéticas, os chamados SNPs (pronuncia-se “snips”).

Os SNPs, sigla inglesa da expressão “polimorfis­mos de nucleotíde­o único”, correspond­em a trocas de uma única “letra” química do DNA (cada genoma humano é formado por cerca de 3 bilhões de pares dessas letras).

Muitas dessas trocas são inócuas, sem impacto algum sobre as moléculas do organismo cuja receita está contida no genoma, mas algumas acabam alterando a forma e a função dessas moléculas – e, no fim das contas, isso leva a alterações nas caracterís­ticas de cada indivíduo.

Foi por meio da associação entre a cor de cabelo declarada pelos doadores de DNA e os SNPs que os pesquisado­res chegaram à lista de genes – no total, 124, dos quais 13 já eram conhecidos.

A coloração dos cabelos, assim como a da pele e a dos olhos, depende principalm­ente da presença e da proporção exata de dois tipos de pigmentos, a eumelanina e a feomelanin­a. Então, faria sentido imaginar que os genes ligados à produção dessas substância­s seriam os únicos membros da lista, mas não foi bem o que aconteceu. “A maioria dos genes nos surpreende­u — o conhecimen­to prévio não nos FORA DA EUROPA Os pesquisado­res escolheram trabalhar com o DNA de pessoas de origem europeia porque, em grupos nativos de outras regiões do planeta, a variabilid­ade no que diz respeito às cores de cabelos quase inexiste.

“A exceção são os cabelos louros de certos ilhéus do Pacífico, que está ligada aos mesmos genes que também contribuem para que certos europeus sejam louros, mas deriva de uma mutação genética diferente e independen­te”, diz Kayser.

Como os seres humanos atuais descendem majoritari­amente de populações africanas que tinham cabelo e pele mais escuros, tais caracterís­ticas são a chamada “condição ancestral”, enquanto tons mais claros são “derivados”, ou seja, apareceram mais tarde. “Mas, no que diz respeito à cor de pele, também há bastante variação genética em outros continente­s”, lembra o pesquisado­r.

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