‹ Acusado diz que só fala após ter acesso a documentos
DE SÃO PAULO
O coordenador da base do Santos, Ricardo Crivelli, informou que não se pronunciará sobre as acusações. Seu advogado, Adriano Vanni, afirmou nesta terça (17) que só falará quando tiver acesso a documentos do inquérito.
Em nota enviada à reportagem, o presidente do Santos, José Carlos Peres, nega ter pago qualquer salário a Ruan. O jogador diz que o atual presidente fez pagamentos para ele em 2010. Na época, o dirigente prestava serviços ao clube.
O Santos diz ter recebido a denúncia com surpresa e afirma que abriu uma investigação para apurar o caso.
“O clube vai investigar criteriosamente a situação, considerando que o profissional em questão jamais teve qualquer mácula em sua extensa carreira no futebol, e que acusações como essa envolvem reputações, tanto dos acusadores quanto do próprio acusado, que devem ser preservadas sem qualquer juízo prévio de culpa. Reiteramos, contudo, que a apuração será conduzida pelas autoridades competentes, se efetivamente consistentes”, afirma o clube em nota à Folha.
A acusação motivou uma reunião entre assessores de Peres na última segunda-feira (16) pela manhã, após a reportagem entrar em contato para pedir um posicionamento do clube.
A Folha apurou que Peres resiste em demitir Crivelli e acredita em sua inocência.
O caso também alimentou uma guerra política nos bastidores do Santos pela ligação de Crivelli com Peres.
A oposição ao atual presidente já se movimentava para pedir o impeachment do dirigente que assumiu o cargo em dezembro do ano passado. O pleito foi protocolado nesta terça-feira (17) no clube e encaminhado ao Conselho Deliberativo.
Aliados do atual presidente acusam empresários ligados à administração anterior, de Modesto Roma Júnior, de fomentar a denúncia. Eles apontam contradições no depoimento dado por Ruan à polícia. Como, por exemplo, a data em que o crime teria ocorrido e a entrada do garoto nas categorias de base do Santos.
Antigos dirigentes confirmaram a atuação de Crivelli como olheiro do clube.
“Eu não o conheço pessoalmente, mas sei quem é. Quando fui presidente, ele não era funcionário registrado, mas indicava jogadores”, afirma Marcelo Teixeira, que foi presidente do Santos entre 2000 e 2009.
“Tratar a apuração de um crime desses como ação política não é apenas imoral, é ser tão criminoso quanto o investigado”, afirma Marcelo Monteiro, advogado de Ruan. (AS, DG E GS)