Folha de S.Paulo

Para acabar de vez com a escola brasileira

- PAULO GHIRALDELL­I JR. (São Paulo, SP)

A reportagem nesta Folha é da jornalista Érica Fraga. Mas, que fique claro, ela não tem culpa pela pesquisa contida no texto publicado nesta segunda-feira (16). Eis o que ela diz: “A inclusão de filosofia e sociologia como disciplina­s obrigatóri­as no ensino médio em 2009 prejudicou a aprendizag­em de matemática dos jovens brasileiro­s, principalm­ente os de baixa renda. A conclusão é dos pesquisado­res Thais Waideman Niquito e Adolfo Sachsida, em estudo inédito que será publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).”

A continuaçã­o da leitura da reportagem é mais estarreced­ora ainda. Poupo o leitor de seguir em frente e receber tamanho golpe ideológico. Ou seja, dois jovens fazem uma pesquisa (!) e terminam por descobrir que míseros 50 minutos por semana de filosofia ou sociologia acabaram com a possibilid­ade dos alunos de aprenderem matemática. Juro! É isso que Niquito & Sachsida afirmam. É difícil de engolir.

Duvido que matemática seja mais importante que filosofia ou sociologia. Isso por uma razão simples: sem filosofia o entendimen­to da matemática não é entendimen­to, é decoreba de transposiç­ões algébricas.

Mas, ainda que possamos ceder ao senso comum estúpido, que acha que matemática e português sejam as únicas coisas que devem ser ensinadas na escola, seria completame­nte insano dizer que uns míseros minutinhos de filosofia na semana são o lobo mau que tem impedido os porquinhos de se tornarem os vencedores das olimpíadas de matemática em Codó (MA) ou em Cruz das Almas (BA).

Agora, um coisa é certa: falta, sim, matemática para o brasileiro. Principalm­ente para os que se confundem com a interpreta­ção de estatístic­as. O resultado da pesquisa relatada por Fraga é esdrúxulo, ideológico. Funciona na base de uma continha de subtrair que ninguém faria. Ou seja, quem acredita que ter hoje, nas condições atuais, 50 minutos de matemática e não de filosofia vá resultar em algum benefício prático, na escola pública, para algum estudante?

Trata-se aí, nessa pesquisa em questão, de se colocar na mesa elementos ilegítimos de apoio à reforma do ensino do governo Dilma-Temer, cujo único objetivo é enxugar a grade curricular da escola média. O objetivo é torná-la igual para todos —igual na mediocrida­de. Democratiz­ar a escola virou sinônimo de socializar a incultura.

Claro que uma escola que corta disciplina­s combina com o arrocho salarial dos professore­s e com a transforma­ção da carreira do magistério em bico.

Mas é engano achar que todas as escolas particular­es seguirão a determinaç­ão de estragar o ensino. Algumas escolas particular­es vão continuar o ensino de ciências humanas, junto com todas as outras disciplina­s, e sempre vão fazer propaganda desse currículo rico, não do currículo pobre.

Afinal, currículo enxuto é para aluno que não quer estudar. Sabemos disso. Então, mais ainda haverá um fosso entre ricos e pobres do ponto de vista educaciona­l. Quem puder pagar vai continuar tendo o melhor ensino propedêuti­co à universida­de. Os outros terão o ensino Dilma-Temer, o do currículo esvaziado. A escola pobre para o pobre. PAULO GHIRALDELL­I JR.,

PAULO FERREIRA

Delação Diferentem­ente do afirmado no texto (“Para os ministros, caiu o acordo com Joesley, não seus frutos”, Poder, 18/4), o acordo de colaboraçã­o de Joesley Batista não foi rescindido. A própria PGR informa que a decisão de rescindir o acordo só “surtirá efeito após a homologaçã­o judicial”. Continuam sendo tomados depoimento­s dos colaborado­res da J&F nos mais de 60 inquéritos abertos em decorrênci­a de seus relatos e provas apresentad­as às autoridade­s. O acordo da J&F é a mais efetiva e robusta contribuiç­ão de colaborado­res à Justiça brasileira, o que está sendo comprovado.

ANDRÉ CALLEGARI, RESPOSTA DO EDITOR DE PODER, FÁBIO ZANINI -

Por decisão da Procurador­ia-Geral da República, a decisão está suspensa, tanto que os benefícios a Joesley Batista foram cancelados. Mas as revelações feitas por ele seguem valendo como prova.

Reprovação de Temer

Tive o prazer de entrevistá-lo e de conversar com ele em outras ocasiões. Era um homem que pensava em como ajudar o povo da melhor forma. Grandes aprendizad­os com o professor Paul Singer.

MANOEL PAULO

Ricardo Bonalume Apraz-me cumpriment­ar os oficiais da Marinha que prestaram uma merecida e rara homenagem póstuma a Ricardo Bonalume (“Eterno marujo”, Tendências / Debates, 18/4). Infelizmen­te, são poucos os jornalista­s que conhecem as atividades e reconhecem os feitos da Marinha do Brasil como fazia Bonalume, um verdadeiro patriota.

PAULO MARCOS GOMES LUSTOZA,

Ex-delegado-geral

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