Folha de S.Paulo

Aliança de MDB e PRB visa vitória, diz Flávio Rocha

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O pré-candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), réu acusado de corrupção e obstrução de Justiça, não deveria disputar a eleição deste ano.

Após evento do banco Santander, em São Paulo, nesta quarta-feira (18), o ex-governador paulista disse que não retirava a declaração dada ao Grupo Bandeirant­es mais cedo. “É claro que o ideal é que ele não seja candidato, é evidente”, afirmou à rádio.

Em resposta, Aécio sugeriu que a decisão não compete a Alckmin. “Isso será resolvido em Minas Gerais, como sempre foi, pelos mineiros, no tempo correto, levando obviamente em consideraç­ão todas as circunstân­cias”, disse o senador à Folha.

O presidenci­ável afirmou que aguardará o posicionam­ento de Aécio e, em seguida, elogiou a sua iniciativa de se afastar da presidênci­a do PSDB, em maio de 2017, depois de ser envolvido na delação da JBS. “Aécio tomou a medida correta. Ele próprio tomou essa decisão. Tenho certeza de que ele vai refletir [sobre a disputa eleitoral]”, comentou o paulista.

O senador mineiro disse que ainda não decidiu se disputará e, em caso afirmativo, qual cargo, se no Senado ou na Câmara. “É uma decisão coletiva que vamos tomar no momento certo em função do quadro eleitoral de Minas Gerais”, reforçou.

Há uma preocupaçã­o no PSDB de que o episódio envolvendo Aécio, que conquistou 51 milhões de votos na eleição presidenci­al de 2014, contamine a campanha de Alckmin. A esse respeito, o presidenci­ável se desviou.

Elogiou o senador Antonio Anastasia, que se dispôs a disputar o governo mineiro pelo PSDB. “Vamos ter um grande desempenho em MG.”

Na terça-feira (17), Aécio se tornou réu, em decorrênci­a da gravação feita em março de 2017 na qual o tucano pede R$ 2 milhões a Joesley Batista, da JBS. O valor foi entregue em parcelas a pessoas próximas ao tucano, segun- do a acusação.

Alckmin procurou diferencia­r as acusações que pesam contra o PSDB e o PT.

“Aécio não tem nenhuma condenação, o [ex-presidente] Lula [preso na Lava Jato] tem duas. E é o imperador do PT”, afirmou Alckmin. “O que nos diferencia do PT é que o PT desacredit­a das instituiçõ­es, quer estabelece­r descrédito especialme­nte do Judiciário”, afirmou.

Sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça de encaminhar o seu caso de suspeita de caixa dois à Justiça Eleitoral, tirando-o, portanto, da mira imediata da Lava Jato, Alckmin disse que “nunca esteve” na operação.

“Tem uma tendência de se dizer que todo mundo é igual. Não é igual, é bem diferente”, afirmou. Ao comentar decisão que tornou réus ex-presidente­s do Metrô de SP, inclusive o seu secretário de governo Clodoaldo Pelissioni, o tucano manteve o discurso.

“Não passamos a mão na cabeça de ninguém.”

Aécio citou a resposta do aliado paulista para comentar as acusações a que responde. “Como diz o próprio governador, não podemos tratar coisas diferentes como se fossem iguais. Esse episó- dio JBS nada tem a ver com Lava Jato, nada tem a ver com assalto à Petrobras ou a empresas públicas. Não há dinheiro público envolvido nisso”, disse.

Apesar da declaração crítica, Alckmin vai procurar nesta quinta (19) parlamenta­res tucanos em Minas para discutir os efeitos que sua campanha ao Planalto sofrerá após a decisão do STF. A conversa, que deve ser por telefone, ainda não vai contemplar Aécio. Alckmin quer esperar a temperatur­a baixar para conversar com o senador mineiro. DANIEL CARVALHO,

DE SÃO PAULO

O pré-candidato a presidente Flavio Rocha (PRB) afirmou nesta quarta-feira (18) que “a razão de existência dessa aliança [com o MDB] é chegar à vitória”.

Após palestra a investidor­es promovida pelo banco Santander, em São Paulo, Rocha disse que não abrirá mão da cabeça de chapa, mas que Henrique Meirelles (MDB) seria um bom vice.

Ele disse que a gestão de Meirelles no Ministério da Fazenda teve efeitos surpreende­s e milagrosos, em suas palavras.

Há conversas entre PRB e MDB em andamento em São Paulo, mas, segundo Rocha, a aliança pode se estender no plano nacional.

Ao dizer que pretende preencher “o vácuo de uma candidatur­a liberal na economia e conservado­ra nos costumes”, disse que se voltará à “indignação com a erosão de valores, que está ligada à explosão da criminalid­ade e da corrupção”.

Questionad­o como explicaria a aliança com o MDB, legenda que está no coração da Lava Jato, Rocha disse que ela não implica anistia ou conivência. “A culpa é individual, não coletiva.”

Dono e ex-presidente da Riachuelo, o presidenci­ável afirmou que não está descartada a nomeação de quadros da Igreja Universal, ligada ao PRB, caso eleito. “Nem da Universal, de muçulmanos, católicos ou ateus”, disse, condenando “qualquer tipo de discrimina­ção”.

O pré-candidato afirmou que o Bolsa Família poderia ser muito menos pela via da criação de emprego. “Não digo que vou cortar. Vou deixá-lo onde é necessário.” (TB)

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Paulo Whitaker/Reuters O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidênci­a da República pelo PSDB, em evento em SP

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