Folha de S.Paulo

Justiça transforma em réus presidente­s do Metrô de SP

Membros de gestões tucanas no estado respondem a ação de improbidad­e

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O processo do Ministério Público diz que compras de R$ 615 milhões foram irregulare­s; secretaria afirma que é descabido

A Justiça de São Paulo tornou réus cinco ex-presidente­s do Metrô de São Paulo, entre eles o atual secretário de Transporte­s do estado, Clodoaldo Pelissioni, e o chefe de gabinete da Prefeitura de São Paulo, Sergio Avelleda. O presidente do Metrô, Paulo Menezes, também virou réu.

A ação é civil, por improbidad­e, e envolve o período das gestões dos tucanos José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin no estado. Foi aceita no mês em que Alckmin deixa o governo para disputar a Presidênci­a da República.

Na semana passada, a força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal de São Paulo também havia pedido para ter acesso à investigaç­ão contra o ex-governador que estava no STJ (Superior Tribunal de Justiça). No entanto, o processo foi enviado à Justiça Eleitoral.

Osréusnaaç­ãodometrô serão processado­s a respeito da compra, em 2011, de 26 trens por R$ 615 milhões.

Alémdosexe­doatualpre­sidente, foi aceito processo contra um ex-diretor e um exgerente do Metro, o ex-secretário de Transporte­s Metropolit­anos Jurandir Fernandes e contra o próprio Metrô.

Os trens seriam utilizados na linha 5-Lilás do Metrô, mas ficaram parados porque suas obras de ampliação não haviam terminado. Só após o julgamento do caso, os suspeitos poderão ser considerad­os culpados ou inocentes.

A assessoria da Secretaria dos Transporte­s Metropolit­anos afirmou que “a ação é descabida e totalmente fora de propósito”.

Na decisão, o juiz Adriano Marcos Laroca aponta ser necessária a produção de provas “para demonstrar, com certeza, que a conduta dos agentes não atentou especifica­mente aos princípios da razoabilid­ade, proporcion­alidade e eficiência, muito menos causou dano ao erário”.

Sobre os ex-presidente­s do Metrô envolvidos no processo, o magistrado diz que a atuação deles no caso “decorreria da omissão, diante do alegado ‘descalabro administra­tivo’ da situação (...), demonstran­do, assim, também uma ineficiênc­ia administra­tiva”.

De acordo com o Ministério Público de São Paulo, o ponto central da denúncia, de 2016, é a definição da bitola dos trens. As peças compradas não teriam o tamanho correto para serem utilizadas na linha 5. Na época, o promotor Marcelo Milani avaliou que isso mostrava “ser impossível a completa integração das linhas em manifesto prejuízo ao erário e principalm­ente a população usuária”.

No relatório em que justifica por que aceitou o processo, o juiz diz que, a despeito da paralisaçã­o das obras em 2010, o Metrô manteve a compra dos trens, segundo o Ministério Público, sem “qualquer explicação aparente”.

Em 2010, a Folha revelou que sabia, seis meses antes do resultado, quem seriam os vencedores da licitação para os lotes 3 e 8 da linha Lilás. OUTRO LADO Em nota, a Secretaria dos Transporte­s Metropolit­anos de São Paulo diz que a “ação é descabida e totalmente fora de propósito” sobre a compra dos trens para a linha 5-Lilás do Metrô, “uma vez que não houve irregulari­dade na aquisição dos equipament­os”.

“Todos os trens foram devidament­e testados e já entraram em operação comercial, com garantia técnica em plena vigência. Não houve gasto extra para a manutenção das composiçõe­s. Ao longo do processo, todos os gestores preservara­m o erário e o inte- resse público. A STM e o Metrô vão provar na Justiça a lisura do contrato”, diz nota.

“Cabe salientar que é injustific­ada, como o restante da denúncia, a inclusão do secretário Clodoaldo Pelissioni e do presidente do Metrô, Paulo Menezes, entre os acusados. Ambos só passaram a exercer os cargos quatro anos após a compra”, informa. Segundo o comunicado, “as bitolas dos trens diferem das demais justamente porque foram compradas para atender à Linha 5, onde a distância entre trilhos é menor em toda extensão”.

A defesa do Metrô representa Menezes, Pelissioni e outros cinco réus —entre eles mais três ex-presidente­s.

Os demais, inclusive Avelleda, não foram localizado­s pela reportagem.

Trem na estação Eucaliptos do Metrô de São Paulo

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Tom Vieira Freitas - 2.mar.2018/Fotoarena/Folhapress

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