Folha de S.Paulo

Bolsonaro já tem 10% da Câmara, calculam aliados

Entusiasta­s de deputado federal discutem plano de governo para presidente

- RANIER BRAGON

Lorenzoni, do DEM, diz esperar ‘bancada’ de cem nomes até junho; mudar Constituiç­ão exige 308 votos

Jair Bolsonaro (RJ) conseguiu reunir em torno do PSL, seu mais novo partido, apenas 7 dos 513 colegas da Câmara, mas deputados aliados têm promovido animados almoços em Brasília para discutir, com o pré-candidato à Presidênci­a, planos para seu governo.

O último aconteceu no dia 11, na casa do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que cozinhou ele próprio um filé ao molho madeira e um fricassê de frango para os convidados.

Cerca de 30 deputados comparecer­am, uma parte do que Onyx e os bolsonaris­tas da Câmara dizem já ter arregiment­ado para a campanha ao Palácio do Planalto do excapitão do Exército —ao todo 58, afirma Onyx, mas ele se recusa a dar nomes.

“O que mais me surpreende­u foi a evolução no conteúdo da conversa do Bolsonaro. Em 30 anos que o conheço nunca tinha visto algo desse tipo. Para quem fala que Bolsonaro não tem conteúdo, ele é um cara muito inteligent­e, tem conversas melhores do que os candidatos convencion­ais”, diz o amigo Alberto Fraga (DEM-DF), antigo aliado de Bolsonaro na chamada “bancada da bala” do Congresso. “Ele não está falando só coisa de milico, ele está com umas propostas maravilhos­as, não sei como ninguém pensou antes.” Fraga também se recusa a dizer quais são essas propostas. “Vá perguntar pra ele.”

Em conversas com outros deputados, descobre-se que uma delas —que não necessaria­mente partiu da cabeça de Bolsonaro— é restringir o dinheiro que estatais direcionam para patrocínio de times de futebol ou Fórmula 1 e direcioná-lo a “patrocínio” de creches e santas casas.

“É uma vergonha a Petrobras dar dinheiro para o Flamengo”, diz o deputado Toninho Pinheiro (PP-MG), que se apresentou como autor da ideia. Não só dela, mas de outra para endurecer as regras da Lei de Licitações com o objetivo de dificultar corrupção.

Ele afirma ainda não ter decidido apoiar Bolsonaro. “Está longe a eleição, mas não tem como negar que ele está bem nas pesquisas sem o apoio de ninguém.”

Outro participan­te do almoço, Valdir Collato (PMDBSC) diz não ver constrangi­mento em frequentar reuniões de um adversário do governo de seu partido.

Michel Temer e o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles figuram como possíveis candidatos. “O MDB não tem candidato ainda, não dá para ficar esperando.” Rogério Peninha Mendonça, também do MDB de Santa Catarina, é outro frequentad­or dos almoços bolsonaris­tas em Brasília.

Apesar de o PSL ter apenas oito deputados e os almoços, na mais otimista das projeções, terem reunido pouco mais de 10% da Câmara dos Deputados, os aliados demonstram entusiasmo.

Onyx Lorenzoni, o deputado-cozinheiro, fala que o objetivo é chegar a cem parlamenta­res até junho —é preciso o voto de pelo menos 308 deputados para aprovarse emendas à Constituiç­ão, por exemplo.

O deputado Major Olímpio (PSL), pré-candidato ao Senado em São Paulo, falou com a Folha minutos depois de berrar seguidas vezes o nome de Bolsonaro no plenário da Câmara, no mesmo dia do almoço, em contrapont­o a discursos de petistas a favor do expresiden­te Lula. Em resposta

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região julga nesta quinta (19), a partir das 13h30, embargos interposto­s pela defesa do ex-ministro José Dirceu, abrindo caminho para sua prisão. Ele teve a condenação confirmada pelo tribu- aos berros, Bolsonaro se levantou de sua cadeira e com o caracterís­tico sorriso de canto a canto do rosto fez reverência com os braços estendidos.

Segundo Olímpio, ainda tem muito deputado com ver- nal em setembro do ano passado, quando sua pena foi elevada para 30 anos e 9 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Os embargos infringent­es são interposto­s quando há divergênci­a entre os juízes, buscando a manutenção da pena gonha de declarar apoio explícito ao ex-capitão. “Muita gente não confessa, mas tem um monte que me chama e diz: ‘Pode ficar tranquilo que, no momento certo, tamos juntos’.” mais benéfica para o réu. O juiz Leandro Paulsen definiu pena de 27 anos e 4 meses para Dirceu, enquanto o João Pedro Gebran determinou 41 anos e 4 meses. No acórdão, ficou definida a pena de 30 anos e 9 meses.

Com novo acórdão, é provável que o juiz Sergio Moro peça a prisão do ex-ministro rapidament­e. Moro tem se manifestad­o favoravelm­ente à execução provisória da pena. No acórdão da condenação de Dirceu pelo TRF-4, a corte também defendeu a execução da pena assim que exaurida a segunda instância.

Dirceu chegou a ser preso (ANA LUIZA ALBUQUERQU­E)

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Apu Gomes - 10.ago.2017/AFP Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidênci­a

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