Folha de S.Paulo

Muitos gostam da ‘bolha’ das fake news, diz autora

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Para Pollyana Ferrari, que lança livro, as pessoas estão confortáve­is no atual ambiente

DE SÃO PAULO

Quantas agências de checagem seriam necessária­s para driblar as fake news que vão chegar antes das eleições em outubro? A jornalista e professora da PUC-SP Pollyana Ferrari perguntou e respondeu: “Hoje existem só três no país, mas nem 3.000 dariam conta”.

Ferrari lançou, nesta quarta-feira (18), o livro “Como Sair das Bolhas” (176 páginas, R$ 36,00, editora Educ e Armazém da Cultura).

Para ela, diminuir o impacto da propagação de notícias falsas depende de um sistema educaciona­l melhor, que forme pessoas capazes de discernir fontes confiáveis de notícias mentirosas.

Mas não só isso. “Já ouvi gente falando ‘eu não quero sair da minha bolha, eu gosto dela’. O Facebook escancarou que não é todo mundo que tem a ética bem nutrida”, disse a pesquisado­ra. “Avançamos tecnologic­amente, mas não eticamente.”

Com ela concordou a também professora da PUC Lucia Santaella, no bate-papo prélançame­nto. “Inclusive quem tem capacidade crítica acaba por aderir às bolhas. Elas agradam nosso intelecto. E até essa semioticis­ta de meia pataca já compartilh­ou uma fake news.” Ela fez a mea-culpa: “não tomei o devido cuidado de checar”.

Ensinar a checar tem sido o front de batalha de Bárbara Libório, repórter da agência Aos Fatos, e de Leandro Beguoci, diretor da revista Nova Escola.

“Quando começou em 2015, a Aos Fatos fazia checagem apenas de discursos de agentes públicos. Mas, hoje, checamos frequentem­ente as fakes news”, disse Libório.

Beguoci atua nas escolas tentando diminuir a desinforma­ção. “Algumas fakes news têm impacto real no ambiente escolar.” Para ele, nem todo mundo quer saber verdade e muitos preferem ficar com a mentira, mais confortáve­l. (THAIZA PAULUZE)

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